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“Puxa a corda, Rebeca”

“Puxa a corda, Rebeca”

Coube a Rebeca Pereira, 18 anos, a espinhosa missão de liderar uma fila de cerca de 400 novos alunos do Instituto Politécnico de Tomar, agarrados a uma corda e sujeitos, durante mais de três horas, ao mais variado tipo de praxes. A jovem, que mora em Tomar e entrou para o curso de Engenharia Civil, sua primeira opção, estava com a voz rouca de tanto gritar e mostrava-se algo ansiosa sobre o que ainda estaria para vir. “Puxa a corda, Rebeca!”, ditava num tom imperioso a “veterana” Ana Margarida. “Está difícil… eles não andam”, respondia a caloira, cara enlameada, cabelo empapado em farinha e roupa encharcada por um conjunto de mistelas que, combinadas entre si, originavam um odor característico e tudo menos agradável. Aliás, poucos eram os que não tapavam o nariz perto dos caloiros que também foram obrigados a praxarem-se uns aos outros. Foram, por exemplo, “convidados” a partir ovos podres na cabeça do companheiro da frente ou a regarem-se, entre si, com a água que teria servido de molho a umas valentes postas de bacalhau. Alguns foram mais massacrados do que outros mas todos os alunos com quem falámos entraram dentro do espírito da iniciativa. Trajado a rigor, Marcos Cotrim, aluno do 3.º ano do curso de Design e Tecnologia de Artes Gráficas, acompanhava de perto os “seus” caloiros, Marcelo Silva e Cátia Guerreiro. Vieram ambos de Salvaterra de Magos e encontravam-se a viver as praxes intensamente. “É uma tarde divertida e penso que é, sobretudo, uma forma de os ajudar a ficar integrados na escola”, aponta, revelando ter saudades do seu cortejo. O desfile de recepção oficial aos novos alunos teve lugar na tarde de 4 de Novembro e, apesar de ter provocado algum condicionamento de trânsito, decorreu com a normalidade possível neste tipo de situações, atraindo a atenção dos habitantes da cidade que aplaudiam, tiravam fotografias ou comentavam o visual dos alunos. A noite já tinha caído quando “o comboio humano” chegou à Praça da República onde assentaram arraiais e foram baptizados. “Quando chegar a casa tenho que tomar cinco banhos!”, desabafava alguém quando o suplício terminou. Elsa Ribeiro Gonçalves
“Puxa a corda, Rebeca”

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