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Um apaixonado por clássicos em terra de touros e campinos

Um apaixonado por clássicos em terra de touros e campinos

Alfredo Santos é mecânico e foi dos primeiros a ter um pronto-socorro na cidade

Aos 65 anos Alfredo Santos considera-se um mecânico autodidacta que desde criança nutriu uma paixão pelos automóveis. A oficina com divisão de peças manteve-se na cidade de Vila Franca de Xira até aos dias de hoje, sempre com os clássicos e antigos na primeira linha.

Um Vosley de 1928 elevado na oficina de Alfredo Santos remete-nos para uma Vila Franca de Xira de outros tempos, onde o carro era um luxo e não apenas um meio de transporte. Alfredo, natural da cidade dos touros, de Alves Redol e de Álvaro Guerra, tem 65 anos e considera-se um mecânico autodidacta que desde a juventude sempre se interessou por motores. Agarrou o negócio do pai quando os estudos começaram a correr menos bem e nunca mais parou.Um mecânico automóvel tem como função realizar a manutenção e reparação de todo o sistema mecânico dos veículos, assim como conhecer a generalidade das partes físicas que o fazem funcionar. Os mecânicos devem possuir conhecimentos técnicos abrangentes, sólidos e práticos que lhes permitam realizar um diagnóstico rápido dos problemas manifestados pelos veículos que entram na oficina. A rápida reparação é o objectivo, devendo para isso o mecânico recorrer à substituição das peças mecânicas, pneumáticas e hidráulicas que sejam necessárias. Até há poucos anos os mecânicos de automóvel aprendiam a profissão através da observação dos mais velhos. Mais recentemente os cursos profissionais de mecânica têm colocado no mercado diversos profissionais, que acabam absorvidos pelas oficinas das grandes marcas, deixando poucas alternativas para as velhas oficinas de bairro. Nos últimos anos também, com o advento da electrónica e com a crescente entrada dos computadores no mundo automóvel, especialmente nos motores, o trabalho dos mecânicos como Alfredo Santos tornou-se ainda mais difícil. Para além de tudo isto, Alfredo conta a O MIRANTE que a principal característica do mecânico tem de ser a paixão. “Se a pessoa não tiver gosto por isto não vale a pena mexer. Sobretudo nos carros antigos, onde as reparações são mais demoradas porque é, também, um trabalho de paciência e de muita paixão. Eu, por exemplo, prefiro estar entretido com aquilo em vez de ir para um café”, refere. Alfredo Santos, que hoje toma também conta de um pequeno estabelecimento de venda de peças para automóveis, recorda uma Vila Franca diferente, “muito longe desta que hoje parece uma cidade fantasma. Veja bem que o Vosley foi comprado na altura por 1 000 escudos, divididos entre quatro pessoas. Cada um pagou 250 escudos para o carro para podermos ir para os bailes da região”, conta com um sorriso. A paixão pelos motores começou logo na infância, ao ver o pai na oficina. “A escola não estava a correr muito bem e depois da escola técnica pensei em ajudar o meu pai na oficina. As pessoas julgam que isto é fácil mas não é. Há carros que têm peças comuns mas outros enganam muito. Por exemplo, carros que são o mesmo modelo, do mesmo ano, mas só porque são de meses diferentes já têm componentes diferentes. A Renault é das marcas que equipa mais carros. Eu gosto muito de fazer isto mas às vezes é uma profissão que dá muitas dores de cabeça”, diz. Para Alfredo Santos os clássicos e antigos são a sua “especialidade”. Diz que conhece de cabeça milhares de peças e que basta o cliente trazer uma que sabe logo o que é. “Já nos carros modernos é uma grande tourada e confusão porque às vezes os carros do mesmo ano não têm peças iguais”, remata. Pelo meio da conversa ainda conta que a paixão pelos antigos vai mais além do que repará-los. “Também tenho um Porsche de 1965 e um Renault Alpine Turbo mas só ando com eles às vezes. O mais velhinho chega a estar meses parado e mesmo assim quando lhe dou à chave pega logo”, conta o homem que, em tempos, foi o primeiro a ter um pronto-socorro automóvel na cidade. Tal como tantas outras profissões, lamenta que a procura de jovens tenha diminuído e teme ser um dos últimos representantes do ofício. “Ninguém quer fazer isto, as pessoas não gostam de sujar as mãos. Isto é preciso gostar porque é um trabalho complicado. Esta malta nova quer coisas mais simples que não obriguem muito a puxar pela cabeça”.“Ninguém quer fazer isto, as pessoas não gostam de sujar as mãos. Isto é preciso gostar porque é um trabalho complicado. Esta malta nova quer coisas mais simples que não obriguem muito a puxar pela cabeça”
Um apaixonado por clássicos em terra de touros e campinos

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