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Sete candidaturas à Câmara de Tomar deram muita parra e pouca uva

Sete candidaturas à Câmara de Tomar deram muita parra e pouca uva

Correlação de forças no executivo não sofreu grandes alterações apesar da quantidade de candidatos

Os grandes derrotados explicam o que se passou nestas eleições em que houve poucos vencedores e muitos vencidos.

Muita parra e pouca uva. Assim se pode sintetizar a concorrida corrida eleitoral à Câmara de Tomar onde alinharam à partida sete candidaturas, duas delas independentes. Quem vaticinava uma dispersão dos votos que tornaria o executivo numa espécie de mini-parlamento enganou-se. O fenómeno acabou por não causar grandes mexidas na correlação de forças no executivo, para além da retirada da maioria absoluta ao PSD que perdeu um vereador para o PS. De resto tudo como dantes, com a curiosidade de ninguém ter razões para festejar a cem por cento. PSD ganhou mas perdeu um vereador. O PS ganhou um vereador mas não recuperou a câmara. Os Independentes por Tomar mantiveram os dois vereadores. PSD e PS aliaram-se e o bloco central vai governar a câmara, sabe-se lá até quando neste mandato. E assim se resume a história dos que foram eleitos. Porque se são poucos os que terão atrevimento de cantar vitória já são bem mais os que bem podem carpir as mágoas pela derrota eleitoral. Começando desde logo pelo Movimento Independente Tomar em Primeiro Lugar, uma invenção da ex-vereadora do PSD Isabel Miliciano que teve José Lebre como cabeça de lista à câmara e que acabou a corrida a passo de tartaruga com uns míseros 736 votos (3,23%), bem menos que as cerca de duas mil assinaturas necessárias para formalizar a candidatura. E que não conseguiu sequer reunir as assinaturas necessárias para concorrer à assembleia municipal, numa lista que tinha Jorge Ferreira, ex-líder parlamentar do CDS/PP recentemente falecido, como número um (ver texto na página 27).Isabel Miliciano desvaloriza o revés. “Recolhi centenas de assinaturas e nunca pedi para votarem em nós mas apenas para nos darem a possibilidade de viabilizarmos o nosso projecto”, aponta a O MIRANTE, teorizando que os resultados das eleições demonstram que “as pessoas gostam de ser corrompidas”. “Vi na véspera das eleições a serem pavimentadas estradas nas freguesias o que levou as pessoas a mudar o seu sentido de voto pouco antes de irem votar”, aponta. Para a Isabel Miliciano as pessoas “não têm cultura política” e apenas querem ver o problema que têm à sua porta resolvido. “Os partidos estão implantados há muitos anos e as pessoas gostam de ser corrompidas. É triste mas é verdade!”, salienta.“A minha candidatura não era para ganhar”Já José Lebre desdramatiza a lanterna-vermelha nas autárquicas em Tomar, pelo Movimento Independente Tomar em Primeiro Lugar. “O objectivo da minha candidatura não foi certamente ganhar as eleições. Pretendi que fosse, e foi, uma candidatura completamente independente, sem tutelas, sem alianças, que mostrasse às pessoas que a verdade dos factos pode e deve ser dita sem medo. Com quinze dias  de campanha e partindo do zero, sei agora que a mensagem passou e chegou a muita gente  e por isso estou satisfeito”, aponta. Ivo Santos, outro ex-vereador do PSD que disse alto e em bom som que havia de ser presidente da Câmara de Tomar, só não sabia quando, arriscou desta vez pelo CDS/PP e deve ter ficado com pouca vontade de repetir a façanha. Disputa a primeira página no álbum dos grandes derrotados com os independentes do Tomar em Primeiro Lugar.A O MIRANTE, Ivo Santos não esconde que sempre esperou um melhor resultado. Deixou de ser militante do PSD a três meses das eleições, para concorrer à câmara pelo CDS-PP, que não possui uma estrutura concelhia em Tomar. Obteve 1.210 votos (5,31%) mais 413 votos em relação a 2005. “As sete candidaturas que se apresentaram a escrutínio provocaram uma dispersão, quer de apoios quer de votantes”. Os resultados alcançados também se devem, de acordo com o candidato, ao facto da sua candidatura ter sido a última a apresentar-se como concorrente à câmara e assembleia municipal, a cerca de dois meses das eleições.  Também para Bruno Graça, candidato da CDU, os resultados devem ter ficado muito aquém das expectativas. O candidato chegou a dizer em conferência de imprensa que “não ganhar a câmara seria considerado uma derrota”. O partido ficou-se pelos 1667 votos, mais 250 do que nas eleições de 2005. Mais comedido nas ambições, o Bloco de Esquerda, não correspondeu ao élan nacional conseguido nas eleições legislativas de 27 de Setembro e foi cilindrado nas urnas, ficando no penúltimo lugar com 829 votos.O actual presidente da Câmara de Tomar, Corvêlo de Sousa (PSD), disse a O MIRANTE que “não viu mal nenhum” no facto de terem aparecido mais seis candidatos a disputar-lhe o lugar. O autarca considera que alguns apoiantes de outras candidaturas, face à campanha eleitoral, terão mudado o seu sentido de voto na altura em que foram às urnas. “É o funcionamento normal do sistema democrático”, atestou.  Resultados de 11 de Outubro no concelho de TomarNas últimas eleições autárquicas, o PSD obteve 7.959 votos (34,96%), menos cerca de 2 mil votos do que em 2005. O PS conquistou 4.756 votos (20,89%) e aumentou a votação em cerca de 500 votos. Os “Independentes por Tomar” baixaram a votação e passaram a terceira força política. Alcançaram 4.552 votos (19,99%), menos 400 votos do que nas eleições de há quatro anos. A CDU obteve 1667 votos (7.34 %), mais 200 do que há quatro anos. O CDS também aumentou a votação conquistando 1.210 votos (5,31%), o Bloco de Esquerda obteve 829 votos (3,64 %) e o movimento Tomar em Primeiro Lugar obteve 736 votos (3,23%). A abstenção no concelho foi de 41,21%.
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