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Marta Reis Gonçalves

Marta Reis Gonçalves

36 anos, médica veterinária, Tomar
Ser veterinária era um sonho de criança. Vivia num apartamento em Lisboa e o meu pai não permitia cães e gatos em casa. Mas tinha peixes, pássaros e hamsters, ou seja, os animais que podíamos ter. Os meus avós são da zona de Abrantes e tinham animais de quinta. Gostava muito de cavalos e o meu pai levava-me à tourada por causa disso. Logo que saí de casa a primeira coisa que fiz foi comprar dois cães.Achei os dois primeiros anos do curso muito teóricos. Quando entramos pensamos logo que vamos salvar os animaizinhos e o único contacto que temos com os animais é muito desagradável uma vez que é para fazermos as necrópsias. Só nos últimos anos é que fazemos a parte prática, de clínica. Estive dois anos à espera para entrar neste curso. Formei-me com 28 anos. Esta foi uma profissão que, a certa altura, esteve na moda. Quando acabei o curso as perspectivas de emprego não eram muitas porque havia muitos veterinários. Trabalhei em vários sítios. Cheguei a ser veterinária num hotel de cães e a trabalhar em mais três clínicas, a fazer substituições. Lembro-me que passava duas horas no carro por dia, a correr de um lado para o outro. Foi quando pensei em abrir o meu próprio negócio. Lisboa é uma cidade muito agitada para mim. Apesar de ter vivido lá a minha vida sempre quis sair para um sítio mais calmo e ser veterinária de província. Inicialmente cheguei a querer fazer clínica de cavalos mas depois as coisas alteraram-se. Gosto de mais calma e os meus pais são da zona de Abrantes, para onde vinha sempre passar as férias e o Natal. Escolhi abrir a clínica em Tomar porque era perto da casa dos meus pais e só havia uma clínica veterinária na altura. Abri a Vet-Templários em 2003. Gosto do imaginário dos Templários e das cruzadas. Foi por isso que escolhi este nome.Alguns animais são tratados como se fossem elementos da própria família. O caso mais marcante que já assisti é o do gato de uma senhora, um animal que vai fazer 19 anos. Sofre do coração, é insuficiente renal, já aqui esteve internado várias vezes e a dona faz tudo por ele. Organizou a vida à volta do seu gato. O amor e dedicação que ela tem pelo gato é fora do comum. Se pudesse trabalhava de graça. Tentamos facilitar, dentro das nossas possibilidades, mas também precisamos de pagar as nossas contas. As pessoas ficam chocadas quando colocamos algumas reticências em tratar animais que, por exemplo, recolhem na rua. Esquecem-se que isto é uma profissão como outra qualquer. Parte-me o coração quando recebo um animal de uma pessoa que sei que nunca me vai poder pagar.Trabalho de segunda a sexta mas estou sempre contactável. Isto não é um emprego das nove às cinco. Se tiver um animal a ser tratado que precisa de medicação de oito em oito horas tenho que a cumprir, independentemente de ser fim-de-semana ou feriado. Conto com a ajuda de um enfermeiro-veterinário na clínica. Fazemos de tudo um pouco.Gosto muito de Tomar mas acho que é uma cidade pouco dinâmica. Considero que se tem vindo a desenvolver pouco ao longo dos anos. Se tivermos em conta o exemplo do Entroncamento, que cresceu imenso e que “mexe”, as diferenças são notórias. Tive sérias dificuldades em conseguir implantar a minha empresa. Só vou a Lisboa quando há uma necessidade imperiosa. Ir a Lisboa, para mim, é um sacrifício. Não me imagino sem cães. Tenho oito boxers em casa. É um passatempo que tenho, uma vez que faço criação. Não gosto de os ter fechados nos canis e por isso andam pela minha casa. Oito é o limite. É uma raça com a qual sempre simpatizei. É um cão afável, muito brincalhão. Gosto do temperamento e do visual deles, apesar de haver quem não goste do focinho achatado. O meu outro hobbie é a equitação. Os animais fazem parte da minha vida, a todos os níveis. Os animais dão-nos afecto, sem pedir nada em troca. Nunca pensei num lema de vida em concreto. O meu objectivo de vida é ser feliz, sem passar por cima de ninguém.Elsa Ribeiro GonçalvesNasceu a 9 de Setembro de 1973 e trocou Lisboa por Tomar há seis anos, onde abriu o consultório de medicina veterinária Vet-Templários. Em pequena já queria ser veterinária pois sempre teve uma grande paixão por animais. Solteira e sem filhos, passa a maior parte do tempo livre a cuidar dos oito cães de raça boxeur que tem em casa nos arredores da cidade. Sem um lema de vida definido diz apenas que quer ser feliz sem passar por cima de ninguém.
Marta Reis Gonçalves

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