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Produtores do Clube Sonae queixam-se de margens de comercialização apertadas

Belmiro de Azevedo responde que o clube permite uma “distribuição mais eficiente” e “transparência de preços”
Alguns produtores do Clube Sonae afirmam que as vantagens de um relacionamento directo com uma grande cadeia de distribuição, que lhes garante o escoamento de grande parte da produção, tem como contrapartida a obrigação de se sujeitarem a margens de comercialização apertadas.É o caso de Rosa Maria Matos, da Sociedade Agrícola das Roseiras, de Alenquer, que integra o clube de produtores há cerca de dez anos, mas que não sabe até quando conseguirá manter o relacionamento comercial com a Sonae. “Este último ano talvez tenha sido dos piores para mim. Se calhar não recebemos o preço justo, temos muitos descontos e para nós as coisas às vezes ficam difíceis”, disse.“Não quero dizer que a culpa seja do clube de produtores ou da Sonae. Pode haver também alguma falha da nossa parte, mas se houvesse mais algum incentivo, ajudaria”, acrescentou Rosa Maria Matos.Empresário de Grândola, Horácio Pereira vende a maior parte da produção de carne de bovino ao grupo Sonae e garante que tem sido uma relação comercial vantajosa para ambas as partes, mas também se queixa das margens de comercialização. “A maior parte da minha produção é para o grupo Sonae. É importante porque dá alguma garantia de escoamento do produto, pela exigência de qualidade na produção dos animais e pela possibilidade de visitarmos outras explorações, noutros países. E também vamos aprendendo com isso, vamos inovando”, disse.Apesar das vantagens que diz existirem no relacionamento directo com as grandes cadeias de distribuição, Horácio Pereira reconhece que também há o reverso da medalha, porque uma grande cadeia de distribuição “tem condições para impor o preço aos produtores”. “Os custos de produção são muito elevados e às vezes as contas não batem certo no fim”, disse o empresário de Grândola, também ele sem certezas em relação ao futuro do sector.Confrontado pela Lusa com as dificuldades referidas por alguns produtores, o patrão do grupo Sonae, Belmiro de Azevedo, começou por lembrar que a economia portuguesa está integrada na economia europeia e que, por isso, “tem de haver concorrência”. Belmiro de Azevedo garantiu, no entanto, que o clube de produtores permite uma “distribuição mais eficiente” e “transparência de preços”, porque o produtor sabe a quanto vende e “pode verificar todos os dias as margens de comercialização e os custos que lhe estão associados”. O empresário salientou também a importância da cadeia logística construída pela Sonae, assegurando que se a mesma não existisse “haveria perdas enormes, porque os custos logísticos seriam mais elevados”.“Este clube de produtores é mais do que um estímulo. É uma condição absolutamente necessária para que eles existam, à dimensão que têm e, sobretudo, para quem tiver ambição de crescimento. Se não houver logística, se não houvesse uma cadeia de frio bem conservada, se não houvesse transparência nos preços, não havia nada do que já temos hoje em Portugal”, frisou, enunciando algumas vantagens para os consumidores.“Há dez anos não havia laranja do Algarve no Norte, não havia castanha de Chaves no Sul e não havia produção de morangos o ano inteiro”, disse, invocando o exemplo da Lusomorango, uma empresa familiar que integra o clube de produtores Sonae e que exporta a maior parte da produção para diversos países do exigente mercado europeu.

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