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José Manuel Franco

José Manuel Franco

50 anos, director da Escola Secundária de Azambuja

O director da Escola Secundária de Azambuja, José Manuel Franco, é pai de três filhos e durante a semana gere um estabelecimento de ensino com 30 turmas de jovens. Vive numa quinta, gosta de animais e é especialista a confeccionar o torricado. Um prato tipicamente ribatejano que sai bem às mãos de um professor de raízes alentejanas radicado em Azambuja. São os alunos o balão de oxigénio do director nos momentos mais difíceis.

Nasci na noite de passagem de ano. 31 de Dezembro de 1958. Na verdade foi já na madrugada de 1 de Janeiro, dia da revolução cubana [1 de Janeiro de 1959]. As minhas raízes são do Alentejo. Sou de Cabeção, concelho de Mora, distrito de Évora. Estive lá até aos 15 anos. Depois fui estudar para Lisboa. Regresso de vez em quando. Ainda lá tenho a minha mãe.O meu horário é a tempo inteiro. Normalmente entro na escola às oito da manhã e não saio antes das sete ou oito da noite. No domingo passei o dia a trabalhar na escola. Em casa as solicitações da família são prementes e não consigo concentrar-me. Vou no oitavo ano lectivo como director. A minha formação académica é de primeiro ciclo do ensino básico. Depois frequentei especializações em Administração e Gestão Escolar. Estou a fazer mestrado em Economia. Dei aulas no ensino superior, mais gratificante do ponto de vista material, mas optei por este projecto por uma questão de gosto. Achei que a minha presença era importante numa fase crítica da escola. Tinha menos de 300 alunos e 15 turmas. Actualmente tem 30. São os jovens a grande motivação do meu trabalho. A minha tarefa é um pouco complexa. Quando estou um pouco agastado costumo ir até ao pátio conversar com os alunos. Esse contacto faz-me renovar energias. Temos uma responsabilidade imensa porque está em causa a educação de jovens. Há aspectos que se constroem nesta fase da personalidade que são determinantes. O que me importa sempre é de manhã vir trabalhar com vontade. À tarde quando regresso a casa gosto de fazer um exame de consciência e pensar que aquele dia ficou marcado por coisas positivas. Empenhamento, disponibilidade e boa vontade são palavras que me dizem muito. Vivo num quinta em Azambuja. Tenho um especial interesse por animais, pela horta e pelo pomar, mas não tenho tido tempo ultimamente. Tenho ovelhas, galinhas, cães e um cavalo. Tenho um senhor que ajuda nessas tarefas. Tive que abandonar alguns hobbies. Temos uma casa de férias na Praia da Rocha. Não diversificamos muito para rentabilizar o investimento que temos. É um espaço agradável para a família passar férias. Eu tenho menos tempo para isso.Faço os grelhados lá em casa. Acendo a lareira e pontualmente dou ajuda em limpezas. Sou muito requisitado para fazer o torricado. É um prato ribatejano que na verdade tem semelhanças com o Alentejo, onde se comia o pão acabado de sair da padaria com azeite. O meu tempo é o tempo da família. Não é aquele que seria desejável, embora tente rentabilizá-lo ao máximo. Esforço-me por não me absorver com a televisão ou computador. Há alguns aspectos que estão deficitários no meu espaço, ao nível cultural, por exemplo. Estou a tentar envolver-me num projecto de voluntariado na comunidade. Quero disponibilizar algumas horas. Não na perspectiva de protagonismo, mas para fazer um trabalho para a comunidade.Tento passar aos meus filhos os valores que fui construindo. Tenho uma filha de 23 anos formada em Ciências Farmacêuticas, outra a concluir a licenciatura e tenho um filho de oito anos no terceiro ano. Até o facto de os prejudicar, não estando com eles o tempo que deveria estar, mas dedicando-me a uma actividade meritória, acaba por ser uma referência. É uma herança que lhes deixo de um percurso profissional digno. Acho que me desculpam um pouco a ausência porque é por uma boa causa. Ana Santiago
José Manuel Franco

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