Cresci em Caria, uma vila pequenina perto da Covilhã à qual tenho uma grande ligação. Nasci em Coimbra a 27 de Fevereiro de 1977, mas vivi até aos 6 anos em Caria, junto dos meus avós. Foi lá que conheci o meu primeiro namorado e é lá que vou sempre passar todos os natais, tal como este ano. Tive uma infância diferente porque era menina do campo. O meu avô tinha uma quinta, por isso tive uma infância em que brincava na rua, ia tomar banho no rio, subia às árvores. Tinha muita liberdade e era um bocadinho “Maria Rapaz”. Só vim para Vila Franca de Xira aos 6 anos para fazer a escola primária, por imposição dos pais, e foi um grande choque. Acho que só na adolescência passei a ser menina da cidade. A adaptação foi muito difícil. Estava muito habituada a ter asas e poder voar à minha vontade e de repente vir para um apartamento onde não podíamos ir a lado nenhum porque os carros nos passavam à porta. Foi, por isso, uma habituação um bocado complicada, mas sinceramente neste momento não sei se conseguia voltar para lá.Comecei a trabalhar com 25 anos, em 2002. A primeira clínica onde trabalhei foi na Aldeia Galega da Merceana. Depois estive na Clínica Walter Mendonça, na Amadora, e na Clínica de São João, no Estoril, até que, em 2005, decidi abrir a clínica aqui no Bom Retiro.Acho que sou uma privilegiada. Tenho um horário de luxo, porque só começo a trabalhar às dez da manhã, mas por outro lado também nunca chego a casa antes das nove da noite. De qualquer forma tenho os fins-de-semana para descontrair e estar com a família.Tenho muita dificuldade em conciliar a família e o trabalho. É sempre muito complicado. Ainda por cima estou a acabar um mestrado em Barcelona, portanto uma semana por mês não estou em Portugal. Na última semana de cada mês desloco-me a Espanha, o que é muito complicado de gerir. Mas acho que com vontade tudo se consegue. Há tempo para namorar e sair com os amigos. O namorado é o que mais reclama destes horários. Os meus pais nem por isso, já conseguem compreender.Sou viciada no Farmville [jogo da rede social Facebook]. Passo horas a jogar, a plantar na minha quinta e com os meus animais. É uma forma de escape aos dias de semana e é o meu passatempo favorito de momento. Também gosto bastante de ler, quando tenho tempo. E adoro dançar, mas isso é mais aos fins-de-semana, quando saio com os amigos. Preciso de férias num sítio com muito sol, muita praia e água quente, de preferência. Não sou viciada em trabalho e preciso mesmo de tirar uns dias para descansar. Normalmente tiro sempre férias no Natal e na Páscoa, e no Verão tiro sempre 15 dias de férias para passar com os meus pais. Gosto muito das Caraíbas, porque acho que aquela água é um espectáculo. Este ano fomos para Cabo Verde e fiquei fã. Porque são apenas três horas de avião, falam a mesma língua que nós e toda a gente nos entende, o que é um luxo. É, sem dúvida, uma experiência para repetir.Acho que nos agarramos muito à religião quando temos problemas. Quando estamos bem esquecemos um bocadinho. Não me considero uma pessoa religiosa, embora tenha tido uma educação católica. Neste momento tenho as minhas crenças mas não sou praticante.Temos que ter boa disposição porque tristezas não pagam dívidas. Não tenho propriamente um lema de vida, mas sigo essa regra. Para além disso sou uma pessoa que acha que temos de ter objectivos e lutar por eles até ao fim. É isso que tenho feito ao longo da vida.Patrícia Cunha Lopes