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Inspirado Manuel Serra d’Aire

Inspirado Manuel Serra d’Aire

Tenho-me divertido à grande com as reportagens das televisões sobre as cheias no Ribatejo. Têm sido nacos do melhor que tenho visto na TV portuguesa. Bem melhores que aqueles concursos com putos a cantar, que as garridas manhãs do Goucha ou que os programas de passagem de ano. Mal se ouviu falar da possibilidade de as águas subirem aí vieram eles de armas e bagagens fazer o escarcéu do costume. Só que desta vez as previsões saíram furadas, não sei se por condescendência do São Pedro se por manha dos espanhóis que decidiram pregar-nos um susto do género: andam sempre a queixar-se que desviamos a água do Tejo, agora levem lá com uma enxurrada pelas trombas para aprenderem a não ser queixinhas.A verdade é que o Tejo lá permaneceu dentro das margens, mais coisa menos coisa, e cheias destas comem os habitantes do Reguengo do Alviela ao pequeno-almoço. Aliás, devo dizer que os habitantes da simpática localidade portaram-se muito mal nas reportagens que vi. Em vez de chorarem baba e ranho, correspondendo com denodo ao esforço de quem mandou repórteres para a parvalheira em busca do drama, do horror, da tragédia, lá iam dizendo todos lampeiros que quando ficam isolados pela cheia não falta o convívio e as patuscadas e que coisas daquelas são normais e toda a gente já está habituada. Não se faz! As pseudo-cheias foram ainda motivo para o presidente da Câmara de Santarém, Moita Flores, se atirar aos responsáveis da protecção civil distrital, pelo mediatismo e pelo alarmismo que, segundo ele, andaram no ar nesses dias. O autarca disse mesmo que essas pessoas tinham necessidade dos seus “15 segundos de fama”, num comentário que não lhe assenta nada bem pois dá a entender que só ele tem direito a aparecer nas televisões e a ter muitos 15 segundos de fama. É um sentimento pouco cristão este do egoísmo, ainda para mais nesta quadra que vivemos. Deixe lá os homens aparecerem. O comandante Chambel até é telegénico, tem boa voz e boa dicção, não diz barbaridades e aquela farda já deve ter feito suspirar muita balzaquiana por esse país fora…Postura cristã tem sido a do Governo Civil de Santarém (e provavelmente todos os outros que há no país) ao longo dos anos, dando a mão a desvalidos da política, evitando assim que caiam no limbo do esquecimento – talvez a pior coisa que pode acontecer a quem tem aspirações políticas (os chamados aspiradores), mesmo que, nalguns casos, essas aspirações sejam inversamente proporcionais à sua competência e capacidade. Fico contente por saber que ainda se pode contar com algumas instituições de solidariedade social desinteressadas e que há sempre um prato de sopa quente para quem passa por uma fase má. Um bem-haja pois para quem, lutando contra ventos e marés, permite que os governos civis continuem a sua caridosa e válida obra. Não podemos esquecer que dessa espécie de asilos dos tempos modernos já saíram homens e mulheres que hoje estão muito bem na vida. O que prova que tudo vale a pena se a alma não é pequena...Saudações cristãs e votos de um 2010 cheio de coisas boas do Serafim das Neves
Inspirado Manuel Serra d’Aire

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