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31 anos do jornal o Mirante
António Pires de Oliveira

António Pires de Oliveira

51 anos, advogado, Abrantes

Nasceu a 15 de Dezembro de 1948 em Amêndoa, Mação. Frequentou o seminário por desejo dos pais até aos 17 anos mas acabou por tirar o curso de Direito, exercendo advocacia há 25 anos. Actualmente tem escritórios em Abrantes e Mação. É casado e não tem filhos. Nos tempos livres gosta de ouvir música e toca alguns instrumentos. Interessa-se muito por religião e gosta de reflectir sobre as diferenças culturais entre Oriente e Ocidente. Considera que é importante ser o mais sério e perspicaz possível na defesa de interesse das pessoas que o procuram.

Sou de uma família de origens humildes. O meu pai era comerciante e tinha algumas propriedades. A minha mãe era doméstica e também trabalhava no campo. Tenho uma diferença de 17 e 18 anos em relação aos meus irmãos, que são mais velhos que eu. Vivi em Amêndoa, Mação, até aos 9 anos e meio e depois entrei para o seminário em Gavião e depois em Alcains (Castelo Branco) até aos 16, 17 anos.Andei muitos anos no seminário. Quando terminei, fiz o antigo 7.º ano no Liceu de Abrantes e tive um ano de interregno antes de entrar na faculdade que se chamava o ano propedêutico (ano zero). A possibilidade de entrar para Direito surgiu na sequência da conversa com diversas pessoas, mas eu também tinha esse desejo. Ir para o seminário, naquela época, foi uma opção dos meus pais que entenderam que era a melhor forma de me ajudar. Tirei o curso na Universidade Clássica, em Lisboa. Fiz o curso a trabalhar porque o meu pai era comerciante e, no ano que eu entrei para a faculdade, teve de fazer uma intervenção cirúrgica. No pós-operatório sofreu um acidente vascular cerebral do qual nunca recuperou. Tive que me ligar ao armazém para poder ter o meu ganha-pão e poder estudar. Fiz os três primeiros anos do curso pelo método de avaliação final e os dois últimos em avaliação contínua. Felizmente, consegui acabar o curso em cinco anos. Acabei o curso a 4 de Outubro de 1983. Comecei logo a estagiar no dia seguinte, no feriado de 5 de Outubro. Tive a sorte de encontrar um patrono que tinha sido meu professor no Liceu em Abrantes e que me proporcionou a possibilidade de começar a estagiar de imediato. Fiz o estágio dividido entre o escritório de Abrantes e Lisboa. Nunca me seduziu o bulício da grande cidade. Nos primeiros dez anos de advocacia trabalhei em sociedade com um colega. Desenvolvemos um projecto e, para além do escritório em Abrantes que já existia, criámos um escritório em Mação, em Lisboa (na Rua dos Anjos), Loures e Castro Verde. Ao fim de dez anos resolvi sair da sociedade e criei o meu próprio escritório em Abrantes e mantive o escritório de Mação, onde tenho um colega que trabalha comigo em sociedade. O caso que mais me marcou foi uma situação de providência cautelar num processo de poder paternal. A mãe ausentou-se de casa e levou os dois filhos menores e o pai pretendeu que os filhos lhe fossem entregues. O tribunal deferiu essa pretensão e no momento em que estávamos na casa para se concretizar a entrega dos menores, com a presença da GNR, o pai desistiu instantaneamente. Talvez por motivos psicológicos. Digo muitas vezes que a nossa actividade é como se fosse um “sacerdócio”. Estamos sempre muito pressionados com os prazos do tribunal. Diariamente recebemos notificações às quais temos que dar resposta, com prazos restritivos e preparar os julgamentos, audiências preliminares, tentativas de conciliação, entre outras. Exige imenso sacrifício da vida pessoal. Trabalho mais no escritório do que em casa mas tenho sempre que sacrificar o tempo ao fim-de-semana.Adoro animais. Tenho dois gatos, uma gata e um cão. Nos meus tempos livres gosto de ouvir música (mesmo quando trabalho) e também toco instrumentos musicais, especialmente viola. Aprendi no seminário. Gosto de fazer pesquisas na internet a esse nível. Gosto de ler. Interesso-me muito pela História das Religiões. Perceber e reflectir sobre as divergências entre o Oriente e Ocidente e por que é que há tantas discrepâncias em torno do mesmo assunto. Tento perceber este fenómeno.Gosto de viver em Abrantes mas acho a cidade muito parada. Há um conjunto de serviços que deixaram de funcionar no centro da cidade e que contribuíram para que ficasse sem vida. Também tem pouca actividade nocturna. Vou pouco à minha terra natal uma vez que já lá não tenho família. Sou um falso calmo. Não tenho um lema de vida. Tento ser o mais sério e perspicaz possível e defender os interesses das pessoas da forma mais efectiva que conseguir. Elsa Ribeiro Gonçalves
António Pires de Oliveira

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