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Associações de apoio a pessoas carenciadas de Vila Franca de Xira de costas voltadas

Associações de apoio a pessoas carenciadas de Vila Franca de Xira de costas voltadas

Instituições com papéis na intervenção social debateram problemas na Junta de Freguesia da cidade

Falta de meios para transportar os alimentos, ausência de diálogo entre associações e o galopante aumento da pobreza em Vila Franca de Xira são os principais problemas identificados pelas instituções de apoio a pessoas carenciadas da cidade, que se reuniram no auditório da Junta de Freguesia da cidade para debater o papel da intervenção social.

A falta de diálogo e cooperação entre as várias associações de apoio a pessoas carenciadas do concelho de Vila Franca de Xira está a dificultar a distribuição de ajuda a quem mais precisa e a realização de um diagnóstico comum e actualizado sobre toda a pobreza existente no concelho. Este foi um dos principais problemas identificados no debate entre os agentes de intervenção social no concelho, que decorreu no auditório da Junta de Freguesia de Vila Franca de Xira na noite de 28 de Janeiro, no primeiro encontro deste ano dos agentes de desenvolvimento local, realizada todas as últimas quintas-feiras de cada mês.A pobreza está a aumentar por todo o concelho e especialmente na cidade de Vila Franca de Xira, onde já vivem mais de metade de todos os sem-abrigo identificados no concelho. O número de pedidos de ajuda a estas associações tem aumentado mas as instituíções que apoiam estas pessoas têm visto o seu trabalho dificultado. Além da falta de diálogo, as associações queixam-se de falta de meios, falta de colaboração da Polícia de Segurança Pública na identificação de novos casos de pobreza, dificuldade no transporte dos alimentos e falta de um espaço comum que permita o seu correcto armazenamento até uma distribuíção futura. No ano europeu de combate à pobreza, juntaram-se à mesa Jorge Pereira da CajiXira, Ana Rita Mendonça dos Companheiros da Noite e Carmen Pimenta da área social da junta de freguesia de Vila Franca de Xira. A Cáritas foi convidada para a discussão do tema mas ninguém pôde estar presente em sua representação.“A crise actual faz com que cada vez mais famílias do concelho atravessem grandes dificuldades. Se ao menos conseguíssemos juntar todas as Instituíções Particulares de Solidariedade Social (IPSS) do concelho num único grupo poderíamos ajudar muito mais pessoas. O problema é cada uma pensar por si”, lamentou Jorge Pereira, da CajiXira. A associação comemora 18 anos em Julho e apoia hoje 44 familias e quase 162 pessoas. “Mas não temos mais capacidade e existem ainda mais pedidos de ajuda em fila de espera”, lamenta. O presidente da direcção desta IPSS critica a falta de um espaço de armazenamento dos alimentos e diz que só em 2009 o total foi igual à soma dos últimos 7 anos de vida da colectividade. “É um aumento exorbitante, quase 14 toneladas e meia de alimentos no valor de mais de 22 mil euros”, informou.Também o presidente da junta de freguesia, José Fidalgo, lamentou a falta de diálogo entre estas instituições. “É uma verdade infeliz que estas associações vivam fechadas em si mesmo, no seu ego. Fecham-se tanto que depois não são capazes de se interligar com outras entidades e dessa forma proporcionar um melhor apoio”, criticou. A presidente da direcção dos Companheiros da Noite, Ana Rita Mendonça, criticou a postura da PSP. “A polícia nunca os identifica como sem-abrigo ou pessoas a viver na miséria. Apenas os classifica de toxicodependentes ou alcoólicos. E isso assim é dificil. Há um ano atrás apoiávamos 35 pessoas. Hoje ajudamos 50 pessoas. Esta é uma batalha ingrata porque em alguns dias as pessoas querem ser ajudadas mas os serviços técnicos da Câmara Municipal estão fechados e com horário reduzido. Além disso as técnicas são lentas a resolver os problemas”, critica. Jorge Pereira, da CajiXira, foi quem disparou maiores criticas. “Existem associações de apoio do concelho que têm projectos megalómanos em vez de pensar só em ajudar as pessoas. Quem nos ouve não imagina a carência extrema que há em Povos, no Bom Retiro e no Bairro dos Avieiros. Nas escolas também há muita miséria e crianças que passam fome, mas os directores das escolas fecham-se e não nos comunicam. Também não temos maneira de ir buscar as toneladas de alimentos que precisamos anualmente, a câmara não nos ajuda em nada, apenas a junta. Devia ser criado algo semelhante a um entreposto, que permitisse uma correcta armazenagem dos alimentos”, afirmou.A responsável pela área social da junta de freguesia, Carmen Pimenta, anunciou a criação de um grupo de trabalho para debater os crescentes casos de pobreza e lamentou a má distribuição do rendimento social de inserção. “Se fosse justo, mais de 30 por cento das pessoas não o teria. Eu conheço pessoas que aparecem aqui a pedir ajuda e vêm bem vestidas e deixam bons carros à porta”, lamentou. A terminar José Fidalgo prometeu redobrar a atenção ao problema mas deixou o aviso: “num ano em que as freguesias vão receber menos verbas do Orçamento de Estado, a junta não deverá funcionar sozinha, mas em conjunto com as instituíções e com a câmara municipal”.
Associações de apoio a pessoas carenciadas de Vila Franca de Xira de costas voltadas

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