Hospitais da região não rejeitam proposta de alteração da rede oncológica
“Qualidade é mais importante que proximidade”, alegam responsáveis hospitalares
Proposta defende o encerramento de serviços nessa especialidade em hospitais que não tenham uma fasquia mínima de 500 novos casos de cancro diagnosticados por ano.
A proposta apresentada pela Coordenação Nacional para as Doenças Oncológicas, que defende o encerramento de serviços hospitalares nessa especialidade que não tenham uma fasquia mínima de 500 novos casos de cancro diagnosticados anualmente, não sofre contestação por parte dos hospitais da região. A iniciativa de alterar a Rede Oncológica Nacional tem causado alguma polémica, por se considerar que a medida possa levar à centralização e concentração destes serviços nas cidades de Lisboa, Porto e Coimbra, prejudicando os utentes de outras localidades.O director clínico do Centro Hospitalar do Médio Tejo afirma que “quem considerar que a proximidade se deve sobrepor à qualidade está a enganar-se a si próprio e a enganar os utentes”. Para Edgar Pereira, “há problemas que têm de ser resolvidos, mas é por isso que aqui estamos a trabalhar”.O Centro Hospitalar do Médio Tejo regista cerca de 750 novos casos e 300 cirurgias oncológicas por ano. “No que respeita a esta patologia, podemos afirmar que não há lista de espera para atendimento a estes doentes, não há atrasos nos tratamentos cirúrgicos nem nas terapêuticas médicas”, esclarece o responsável. Para o director clínico, “a qualidade do atendimento é a prioridade. A preocupação seguinte é a acessibilidade”. Uma opinião partilhada pelo conselho de administração do Hospital de Santarém, que considera que a proposta da Coordenação Nacional para as Doenças Oncológicas tem como objectivo melhorar a qualidade das unidades de oncologia dos hospitais. “Deve ser sempre encarado como um ordenamento dinâmico e evolutivo e, nesse sentido, objecto dos ajustamentos que a realidade sugira ou recomende para a melhoria da cobertura das necessidades dos doentes e da resposta às mesmas”, refere o presidente, José Josué. O Hospital de Santarém atende actualmente cerca de 1300 novos casos por ano de patologia oncológica.O coordenador nacional para as doenças oncológicas considera que os limites impostos pela nova proposta são “equilibrados e razoáveis face à escassez de recursos humanos, técnicos e financeiros”. Pedro Pimentel considera que a dispersão excessiva dos recursos pode ter um impacto negativo na qualidade dos cuidados de saúde prestados aos utentes.Contactada por O MIRANTE, a Administração Regional de Saúde de Lisboa e Vale do Tejo não teceu quaisquer considerações sobre a proposta, esclarecendo que “uma vez que não existe ainda qualquer decisão sobre esta proposta da coordenação, não gostaria a Administração Regional de Saúde de Lisboa e Vale do Tejo (ARSLVT) de tomar qualquer posição pública. De qualquer modo, estamos em crer que eventuais decisões que venham a ser tomadas têm por objectivo melhorar a assistência prestada aos utentes, numa área tão sensível e importante como é o tratamento das doenças oncológicas”.Também o Hospital de Reynaldo dos Santos, em Vila Franca de Xira, preferiu não se pronunciar sobre a questão, alegando que a matéria está ainda em fase de análise pela tutela.
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