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Clube de Amadores de Pesca de Castanheira do Ribatejo

Clube de Amadores de Pesca de Castanheira do Ribatejo

“A pesca não se ensina. É algo que já está dentro de nós”

São cerca de 350 os sócios do Clube de Amadores de Pesca de Castanheira do Ribatejo que se juntam ao fim-de-semana para fazer pesca de competição. Sacrificam a vida pessoal por gosto à modalidade e dizem que a pesca não se ensina. Percorrem o país de norte a sul e consideram-se como parte de “uma grande família de pescadores”.

Fundado a 15 de Julho de 1975, o Clube de Amadores de Pesca (CAP) de Castanheira do Ribatejo, surgiu da necessidade de muitos pescadores da vila de se unirem num movimento associativo. “Ao contrário de muitos clubes de pesca, o CAP nasceu como um clube do povo e não um clube elitista. Foi um grupo de pescadores cá da terra que se juntou e fundou na Rua Palha Blanco um espaço de convívio para todos os amantes da pesca praticarem esta competição”, explica o presidente Custódio Raposo.O CAP conta de momento com cerca de 350 sócios e pratica pesca de competição a nível individual e colectivo. Os mais inexperientes começam nas categorias regionais, até subirem de escalão e chegarem ao campeonato nacional e à primeira divisão. “Neste momento, a nível individual, no campeonato nacional estou eu, o Pedro Antunes e o Rui Lopes, mas em 34 anos de história já amealhámos muitos troféus. O António Fernandes Marques foi três vezes campeão nacional pelo CAP”, lembra o responsável da direcção com orgulho. No entanto, para Custódio Raposo, os prémios colectivos são mais marcantes e valorizam mais o ego e o espírito de equipa. Por isso mesmo na parede estão fotografias de quando subiram como clube à primeira divisão nacional, nos anos de 2003 e 2006. “Agora estamos na segunda divisão nacional. O ano passado estivemos quase para subir, mas nisto às vezes também conta um bocadinho de sorte”, diz resignado.Os locais de pesca variam de acordo com o campeonato nacional. Chaves, Amarante, Coimbra, Penacova, Coruche, Cabeção, Pedrogão, Maranhão são algumas das paragens destes amantes da pesca. “O campeonato normalmente tem cerca de seis provas, que ocupam o fim-de-semana inteiro”, explica o dirigente. Quando são provas no norte chegamos a sair da Castanheira do Ribatejo às 3h00 ou 4h00 da manhã”, explica. As deslocações implicam custos elevados de transporte e estadia e roubam tempo à família, por isso mesmo diz quem anda na pesca há mais de 30 anos que “é precisa muita dedicação e muito sacrifício”. Nos campeonatos por clubes, são cinco indivíduos à pesca, durante 3 horas e mais dois atletas suplentes. Ao todo são 75 participantes, mais os ajudantes. Mas para além dos dias das provas, há os treinos, que preparam os atletas para a competição.“Agora nos dias 4 e 5 de Julho vamos ter uma prova em Coruche, por isso duas ou três semanas antes vamos sempre pescar para essa zona, para experimentarmos várias técnicas e estarmos preparados. Procuramos sempre treinar antes nos sítios onde vai haver prova”, diz Custódio Raposo. “As pessoas têm ideia que isto da pesca é só pegar num banquinho, lançar a cana e pescar o peixe, mas é muito mais do que isso. Há que preparar os iscos, há a feitura dos engodos, a distribuição dos atletas pelos pesqueiros. Tudo isso faz a diferença”, sublinha com convicção. Na prova, o peixe só conta quando está dentro do camaroeiro e com o camaroeiro já fora de água, por isso há episódios frustrantes que ficam na história do clube e na memória destes atletas. “Um colega nosso ainda o ano passado, quando estávamos numa zona em que não havia peixe nenhum, ferrou um peixe e ao trazer essa carpa, com uma técnica chamada pesca à inglesa, que é executada mais longe, cerca de 30 metros, a carpa veio e chegou a meio do rio e prendeu-se num fio. Foi um azar porque se o peixe saísse fazia-se um brilharete e esse colega tinha subido de divisão”, recorda com amargura. O presidente realça porém, que há outros momentos de grande felicidade, e que mostram que nunca se deve desistir, mesmo até ao último momento. “Houve um dia em que a prova estava a correr muito mal. O tempo estava a acabar e não havia peixe nenhum na zona. E mesmo quase a acabar eu pesquei um barbo com 2,5Kg e ganhei a zona. Foi o que se chama um jackpot e por números altos”, diz com um sorriso cheio de orgulho. A pesca de competição implica um grande investimento, que pode chegar aos 5 ou 6 mil euros. Por isso mesmo, os pescadores da elite vão passando o material para os atletas que estão agora a começar. No entanto, Custódio Raposo alerta, “a pesca não se ensina. É uma coisa que já nasce dentro de nós. Tem de se gostar de pescar e estar disposto a sacrificar a vida pessoal. É uma questão de prioridades”.
Clube de Amadores de Pesca de Castanheira do Ribatejo

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