Os paroquianos da Igreja de São Bartolomeu, em Castanheira do Ribatejo, concelho de Vila Franca de Xira, queixam-se das infiltrações no telhado da igreja matriz e da falta de pintura na fachada lateral e pedem uma intervenção urgente no interior e no exterior do edifício onde chove.Manuela Lobato é ajudante na paróquia e diz que “é precisa uma intervenção já há muito tempo. Chove dentro da igreja, até mesmo em plena missa! E os bancos, ainda no sábado [30 de Janeiro] um miúdo sentou-se lá e caiu. É uma pena, porque é uma igreja muito antiga e que é património”.A Igreja de São Bartolomeu está classificada como Imóvel de Interesse Público (IIP) desde 1963 e constitui um dos mais importantes templos do concelho. Foi mandada reconstruir em 1534 pelo primeiro Conde da Castanheira, D. António de Ataíde, depois da igreja original ter sido destruída no terramoto de 1531. “Tenho muita pena de ver a igreja assim deteriorada. Há muitos anos que se anda a dizer que precisa de obras. Há-de chegar algum dia em que isto já está em tanta decadência que já há muita coisa que não se aproveita”, sublinha a moradora da Rua Palha Blanco, que vive em Castanheira do Ribatejo há 59 anos. Manuela Lobato acrescenta ainda que “a Castanheira foi sempre posta de parte pelas entidades oficiais em tudo”.Opinião idêntica tem Maria Dias, de 78 anos, quando diz que a igreja matriz “é um símbolo da Castanheira do Ribatejo, que tem ficado um pouco esquecido”. “Precisava de uma intervenção há muito tempo porque há cerca de 20 anos que não são feitas obras”, salienta a moradora. O responsável pela paróquia lembra no entanto que para haver uma intervenção de fundo na igreja é necessária a autorização do IGESPAR (Instituto de Gestão do Património Arquitectónico e Arqueológico). “No tempo do padre Joaquim Calheiros foram feitas duas candidaturas, uma um pouco mais profunda - que incluía o restauro do interior e do exterior da igreja - e outra mais no exterior. Mas nem uma nem outra foram seleccionadas para intervenção”, sublinha o padre José Ezequiel Inácio.O pároco adianta que de momento “está a ser estudada a possibilidade de uma intervenção menor que inclui a reparação do telhado do edifício, sempre com a colaboração do IGESPAR. Já falámos com um empreiteiro para haver a hipótese de fazer essa intervenção e também da pintura da fachada”. Falta depois apresentar a proposta no IGESPAR e esperar aprovação”.Contactado por O MIRANTE o Padre Edgar Clara, porta-voz do Patriarcado de Lisboa, esclareceu que tem conhecimento da situação em que se encontra a Igreja de São Bartolomeu, mas que por ser considerado um Imóvel de Interesse Público o Patriarcado não pode intervir, nem “mexer numa pedra que seja sem a autorização do Estado”. O MIRANTE tentou obter esclarecimentos junto da Divisão de Salvaguarda do Património Arquitectónico do IGESPAR e da Direcção Regional de Cultura da Região de Lisboa e Vale do Tejo, relativamente às razões que motivaram a não aprovação das candidaturas ao restauro, mas não foi possível obter qualquer resposta até ao fecho desta edição.