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Américo Bernardes

Américo Bernardes

70 anos, proprietário da Predialxira, Vila Franca de Xira

Américo Bernardes é proprietário da sociedade de mediação imobiliária Predialxira. Nasceu nas Caldas da Rainha e teve uma infância rural. Começou a trabalhar aos 13 anos e passou por várias actividades profissionais. O trabalho no banco obrigava-o a viajar e foi assim que descobriu Vila Franca de Xira, onde reside desde 1974. É muito ligado à família e por isso trabalha com a filha Anabela.

Tive uma infância rural. Nasci em 1940 nas Caldas da Rainha, filho de um carpinteiro e de uma doméstica. Era uma época difícil, por isso não tive muitos mimos. Em criança, os brinquedos eram feitos por mim. Tinha uma bicicleta de madeira feita por mim, com rodas e tudo, mas sem pedais. Nas descidas era maravilhosa. Quando chovia fazíamos moinhos de água com bugalhos. Brincávamos com tudo o que encontrávamos. Depois na Primavera íamos aos ninhos. Era uma infância com mais liberdade do que hoje em dia.Comecei a trabalhar com treze anos. Trabalhei em várias lojas nas Caldas da Rainha, especialmente em roupas. Ainda me lembro de vender barretes e calças à boca-de-sino. Depois trabalhei numa mercearia e numa torrefacção de café. Só mais tarde comecei a trabalhar em escritórios. Fiz o meu curso comercial à noite e trabalhava e estudava. Aos 22 anos fui para o Banco Nacional Ultramarino. Para sermos promovidos tínhamos de andar de terra em terra, por isso corri três cidades: Castelo Branco, Tomar e Ponte de Sôr. A quarta foi Vila Franca de Xira, no ano da revolução dos cravos, há 35 anos, e acabei por gostar e ficar aqui.O momento mais marcante da minha vida foi ter conseguido entrar no banco. Enquanto estudantes éramos muito competitivos para ver quem é que arranjava os melhores empregos. E quando entrei para o banco senti-me muito feliz. Tirando isso, o meu casamento foi o momento mais feliz da minha vida.Abri a Predialxira em 30 de Abril de 1988 e foi a primeira mediadora de Vila Franca de Xira. Eu no banco já tratava de tudo o que eram registos de prédios e penhoras e então pensei em abrir uma agência imobiliária quando me reformasse e assim fiz.Não delego muitas coisas a ninguém. Tenho por isso horários de trabalho muito exigentes. A maior parte do trabalho recai sobre mim e acabo por levar trabalho para casa. Trabalho ao sábado e a qualquer hora. Mas normalmente chego às 09h00 e saio às 20h00.Sou acusado de pouca assistência à família. Mas a minha mulher dá bem conta do recado e é ela que dá assistência em casa aos filhos e netos. Gosto imenso do convívio com eles e o tempo que passamos é menos do que o que devia ser. Nesta actividade não se fecha para férias. O que acontece é que o pessoal vai de férias e fico eu. Dantes tirava quinze dias, agora chego a tirar só oito. Há sempre assuntos de bancos e de escrituras que não podem parar e nós não podemos virar as costas.Para descansar volto sempre às Caldas da Rainha e Foz do Arelho. São sítios que me dizem muito porque é lá que conhecemos as pessoas. A areia e o mar sabem-nos melhor. Parece que estamos em nossa casa.Tenho muito poucos passatempos. Gosto de acompanhar conferências e de ler jornais. O resto do tempo dedico-o à família e ao trabalho. Não me atrai o desporto. Faço caminhadas suficientes durante o dia e isso é o meu exercício físico diário.A minha maior frustração está relacionada com a Quinta do Paliarte. Há cerca de uns dez anos, houve um culto pagão, que acho que era holandês, e adorava o Sol. E queriam comprar um terreno com localização que ficasse a trinta quilómetros ou de Lisboa ou de Madrid. Vila Franca de Xira acabou por ser escolhida porque a Quinta do Paliarte era mesmo voltada ao nascer do sol e via-se a água do Tejo. Queriam investir 800 mil contos naquele tempo, para fazerem ali uma universidade e um restaurante e então pediram mais cem ou duzentos metros de terreno. No entanto, a câmara não deu nem mais um centímetro e eles acabaram por ir para Espanha. Hoje está tudo abandonado, quer os edifícios, quer a parte agrícola. Sou muito ligado à família. Tenho quatro filhos que moram todos em Vila Franca e estamos todos muito ligados uns aos outros. Inclusivamente, a minha filha Anabela trabalhou sempre comigo na Predialxira. Trata da documentação nas repartições e nos bancos e faz o atendimento aos clientes.Patrícia Cunha Lopes
Américo Bernardes

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