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“A humanidade seria mais feliz se as pessoas fizessem aquilo que gostam”

Pedro Barroso, autor, compositor e intérprete, Personalidade do Ano 2009

Pedro Barroso sente-se feliz a brincar com a vida. Elza Chambel continua a tirar o chapéu inteiro mesmo a quem tem apenas meio. Há atletas, personalidades combativas, bailarinos e escritores, campeões dentro e fora das áreas. O MIRANTE voltou a premiar quem mais se destacou ao longo de 2009 num Cine-Teatro de Ourém repleto de convidados.

“Este prémio é muito injusto. Gosto muito do que faço. Sou muito feliz a ser autor, compositor e intérprete. Sou muito feliz a brincar com a vida”. Foi assim que o cantor Pedro Barroso agradeceu o prémio Personalidade do Ano 2009 entregue pelo jornal O MIRANTE na noite de quinta-feira, 11 de Fevereiro, no Cine-Teatro de Ourém. A cerimónia decorreu pelo quinto ano consecutivo na presença de mais de três centenas de convidados. Apaixonado pela música, pelas mulheres, confesso cozinheiro e artista plástico nas horas vagas, Pedro Barroso agradeceu a distinção e em tom humorístico dedicou o prémio a todas as câmaras municipais que o contrataram e a todas as organizações que já o convidaram e lhe pagaram. “A todas as mulheres que amei, a todos os músicos que tocaram comigo, a todas as terras que visitei e a todos os países onde de alguma maneira derramei este meu excesso de Portugalidade”. O premiado, 59 anos, não deixou passar em branco a oportunidade de esclarecer os ‘pseudónimos’ que tem explorado. “Chamo-me António Pedro da Silva Chora Barroso e tenho brincado com a vida da seguinte maneira: quando fazia atletismo, há 60 quilos atrás, era Chora Barroso. Fui uma promessa na velocidade, imaginem! Internacional de 100 metros. Distância que hoje para mim é uma maratona. Na cozinha, como amador, sou o António Silva. Zangadíssimo porque existe um cozinheiro consagrado com o mesmo nome e que é muito melhor que eu”, explicou. Como autor de livros assina Pedro Barroso. Mas existe ainda um Pedro Chora Barroso. Tem um blog e diverte-se a ir aos restaurantes a fazer crítica gastronómica (http://sabores-da-vida.blogspot.com/).Por último, confessou, descobriu há vinte anos um Pedro Chora que se diverte a pintar e a esculpir. “É completamente degenerado, só pinta mulheres, normalmente nuas. Desaconselho”, disse ironicamente. Quem sustenta essa gente toda é o Pedro Barroso, autor, compositor e intérprete, alvo da homenagem, que terminou arrancando sorrisos na plateia. “Toda a humanidade seria mais feliz se as pessoas fizessem exactamente aquilo que gostam. E eu gosto muito de ser músico e de jogar com as palavras”. Mais a sério falou do país que herdou com sede de cultura. Começou a tocar num programa que parava Portugal às segundas-feiras: Zip-Zip. Depois do 25 de Abril participou nas acções de dinamização cultural. “Trinta vezes mais. Das coisas mais maravilhosas que existiu foi conhecer este país. Demoravam-se 14 horas a chegar a Bragança. Em alguns sítios não havia energia eléctrica e tinha que se inventar um gerador. Terras onde nunca se tinha visto um microfone. Não existiam palcos. Foi este Portugal que herdámos na minha geração. Por isso este prémio é para esta geração. Foi um muro que derrubámos e outro que construímos. O da democracia profunda e o de nunca mais viver aquilo que vivemos na minha juventude”. Esse muro, diz Pedro Barroso, foi construído por autores, compositores, músicos e poetas, como António Gedeão, Carlos Paredes, Adriano Correia de Oliveira e José Afonso. “É a eles que está por fazer a grande homenagem do povo português”. UMA SENHORA DE SE LHE TIRAR O CHAPÉUA personalidade que se destacou na área da cidadania, Elza Chambel, presidente do Conselho Nacional para a Promoção do Voluntariado, evocou, emocionada, os ensinamentos da avó de Trás-os-Montes para lembrar que por se ter um chapéu inteiro não se deve deixar de o tirar completamente “a quem só tem meio chapéu”.Elza Chambel, 73 anos, nascida no Rio de Janeiro, uma mulher de sorte, que teve o apoio da família e do marido para trilhar caminho ao longo da vida, confessou-se surpresa com o prémio por sentir que em toda a vida não tem feito mais do que aquilo de que gosta e que aprendeu: “olhar para o outro como olho para mim mesma”.Grande parte da sua carreira foi feita na Segurança Social em Santarém e em Lisboa, onde chegou a lugares de topo como directora distrital de Santarém e da Região de Lisboa e Vale do Tejo. Mas desempenhou também funções como notária em Aljezur, Barrancos, Marvão e Entroncamento. Travou algumas batalhas pela afirmação das mulheres na administração pública. Formada em Direito pela Universidade de Coimbra, em 1960, Elza Chambel foi a primeira chefe de divisão em Portugal. Também por isso dedicou o prémio a todos os que integraram as suas equipas e mesmo a quem não partilhou das suas opiniões. A iniciativa promovida pelo Jornal O MIRANTE destina-se a premiar figuras da região que se destacam em variadas actividades em prol da região. A anteceder a cerimónia, QuimZé Lourenço aqueceu o serão com canções do poeta José Carlos Ary dos Santos. Dois presidentes de câmara eleitos de frescoMário Pereira, em Alpiarça, e Fernanda Asseiceira, em Alcanena“É com muita honra que estou aqui a representar a população da minha terra. Uma população sofrida que ao longo de gerações teve a capacidade para lutar pela justiça, pela democracia, pela liberdade e por um mundo melhor”. Foi como presidente da Câmara Municipal de Alpiarça e em “comunidade” que Mário Pereira recebeu o prémio Personalidade do Ano na área da política. O professor de carreira foi uma das surpresas das últimas eleições autárquicas e agradeceu ao PCP o apoio, desprendendo-se durante a cerimónia do sentimento do politicamente correcto. “É o partido no qual milito há vários anos e que continuo a considerar fundamental na construção da nossa democracia, de uma sociedade mais justa e de um mundo melhor”. Mário Pereira não esqueceu a família, aos que consigo vivem e aos que já cá não estão e que contribuíram para a formação do seu carácter e da sua carreira profissional. A premiada da política no feminino, presidente da Câmara Municipal de Alcanena, Fernanda Asseiceira, outra das surpresas das últimas eleições, preferiu prestar homenagem às mulheres que nas várias áreas da sociedade vão procurando fazer a diferença e a todos que procuram fazer o bem por onde vão passando.A autarca enalteceu a iniciativa de homenagear as personalidades que os jornalistas vão conhecendo na sequência do que desenvolvem. “Ao ser personalidade do ano eleita pelo jornal O MIRANTE aquilo que procuro ser é uma pessoa comum no dia a dia, presidente da câmara agora eleita, cidadã e sobretudo como mulher”, discursou.Uma actividade apaixonante que é secular em Portugal“Sinto-me orgulhoso de ter uma actividade apaixonante e que em Portugal é secular”. A confidência é de Rui Salvador, personalidade na área da tauromaquia que agradeceu a distinção e dedicou o prémio ao pai e à família, sem esquecer a dedicação extrema de colaboradores que há 34 anos trabalham para que obtenha o êxito nas praças. Aos 45 anos, Rui Salvador, arquitecto de profissão, mantém-se como uma figura de destaque na tauromaquia nacional e sente-se com forças para continuar nos próximos anos a defender esse estatuto. Gere uma empresa de eventos e é também agricultor. O seu mais recente projecto é a criação da primeira escola de toureio a cavalo no país. Apesar de ter nascido em Lisboa é conhecido como o cavaleiro de Tomar e em 2009 completou 25 anos de alternativa como toureiro profissional. Foi o atingir de uma meta com a qual sonhava desde que iniciou a actividade. É também à família – o grande suporte - que o atleta Rui Silva dedica o prémio, como personalidade na área do desporto, pelos momentos bons e menos bons da sua carreira. O atleta, 32 anos, que se tornou conhecido no Sporting, não esquece o clube onde “nasceu” para o desporto: o Estrela Ouriquense e o município do Cartaxo que permitiu que arrancasse com um projecto de atletismo. “Uma palavra para o Sporting Club de Portugal, o clube que represento desde que saí do Estrela Ouriquense. É onde estou hoje e onde espero vir a terminar a carreira. Tem um grande significado para mim. Ajudou-me a crescer não só como atleta, mas também como pessoa”, disse Rui Silva, coleccionador de medalhas, que agradeceu ainda a todas as pessoas que contribuem para os seus resultados: treinadores, preparadores físicos, massagistas, directores e o próprio Governo que dá incentivos ao desporto em Portugal. Pessoas de muitas acções e poucas palavras“Somos pessoas de muitas acções e poucas palavras.”. A apresentação foi feita por Jorge Monteiro, timoneiro da equipa de Shorinji Kempo, de Foros de Salvaterra, concelho de Salvaterra de Magos, premiada na área do associativismo.A associação, que se dedica a ensinar técnicas de defesa pessoal que têm origem no Japão, é também uma associação preocupada com as questões sociais e destacou-se pelo papel que teve ao ajudar a construir uma casa para que uma mãe pudesse voltar a ter consigo os três filhos menores, retirados por falta de condições de habitabilidade. Apesar de tudo as crianças continuam à guarda do Estado, um assunto que O MIRANTE tem acompanhado. “Neste caso a relação que se estabeleceu com o jornal foi quase uma relação de cumplicidade para agir contra algo que estava mal feito. Um dia os mais novos vão ser portadores desta mensagem de uma luta por uma sociedade melhor onde a justiça e a compaixão são fundamentais”, frisou Jorge Monteiro, acrescentando que este é apenas um dos casos em que a associação interfere. Há muito trabalho que não se nota, feito por gente que praticamente não se vê e essa é a essência da associação. Além do empenho no desenvolvimento desta actividade que tem as bases numa filosofia muito própria que é unir os povos em torno da paz, melhorando o mundo, o Shorinji Kempo tem os olhos postos nas comunidades mais desfavorecidas promovendo actividades destinadas a crianças e jovens. A equipa feminina de Futsal do Centro de Estudos de Fátima, que se destacou no desporto feminino, perfilou-se igualmente para agradecer em equipa a homenagem. O director do Centro de Estudos de Fátima considerou que o prémio deveria ser dedicado ao professor António Lopes, verdadeiro mentor da equipa. “Estas jovens não são mais do que a ponta de um iceberg de um excelente projecto educativo que existe neste concelho que é o Centro de Estudos de Fátima. Uma escola que se preocupa com a formação integral dos seus jovens sob o ponto de vista científico, religioso e desportivo. Estas atletas representam a cereja no topo deste bolo”. “O prestígio de um jornal é uma arma de dois gumes”Em tempo de crise O MIRANTE continua a ser um sucesso, diz Joaquim António Emídio“O prestígio de um jornal e dos seus jornalistas é uma arma de dois gumes. E é, por isso, uma arma perigosa. Quando mais poderoso mais perto fica do descrédito ou do comprometimento”. As palavras são do director-geral de O MIRANTE, Joaquim António Emídio, que no discurso da cerimónia de entrega dos prémios personalidade do ano, na noite de quinta-feira, 11 de Fevereiro, sublinhou que existe um ponto de equilíbrio entre sucesso económico e êxito jornalístico. Quem está ao leme de uma empresa de comunicação social tem que conseguir ser equilibrado nos compromissos e preservar os valores de um jornal como instituição, defende.“Vivemos, como todos sabem, tempos de crise, mas O MIRANTE continua a ser um êxito editorial e comercial”, garantiu o director-geral. Em tempos que dizem de asfixia democrática os jornalistas de O MIRANTE não se sentem comprometidos com os poderes sejam eles políticos ou económicos. “Anda por aí um grande ‘trinta e um’ com os jornalistas e com alguns políticos e gestores. Há demasiada gente entretida com o acessório sem ligar ao que é essencial”. Joaquim António Emídio aproveitou para vincar que O MIRANTE é um jornal que vive exclusivamente de publicidade e das receitas das assinaturas e que, de entre os jornais ditos de referência, é o único que não pertence a um grande grupo económico. O MIRANTE, no ranking dos jornais portugueses, está entre os dez primeiros em tiragem e circulação. “É um caso único em termos de fidelidade e afinidade com os seus leitores que vão de Mação a Vila Franca de Xira”. Enquanto jornal local e regional está unicamente preocupado em dar notícias e contribuir para o bom funcionamento da sociedade. “Estamos a fazer um caminho que não é novo, mas que a maioria se recusa porque dá muito trabalho. Porque é uma arma de dois gumes e hoje ninguém arrisca nada com medo de perder o que já tem e que, erradamente, julga que é para o resto da vida”. “Os prémios personalidade do ano são a nossa contribuição para a valorização da nossa auto-estima e para complementarmos o serviço público que exercemos todos os dias ao editar notícias na internet e no papel”, disse.A obrigação do jornal vai continuar a ser, sublinha Joaquim António Emídio, seguir o mesmo trilho: “Não ficar de olhos parados nos vizinhos que já são felizes só por existirem e poderem aproveitar a nossa sombra quando faz sol e o nosso suor quando metemos as mãos ao trabalho”.“O MIRANTE é uma peça fundamental para a coesão do distrito”“Um projecto de sucesso e em expansão permanente e sustentada a quem a nossa terra muito deve”. Foi assim que Joaquim Botas Castanho, cônsul honorário do Brasil, se referiu a O MIRANTE, depois de ser distinguido com o prémio Vida. “O MIRANTE é uma peça fundamental para a coesão do distrito porque permite a todos um maior conhecimento da realidade que é a nossa região e com isso está a trabalhar para uma maior coesão regional. Um projecto que vai alargando e que já abrange Vila Franca de Xira e Azambuja”, referiu. Joaquim Botas Castanho agradeceu a distinção apesar de uma vida que considera ser normal. “Normal é nós cumprirmos as nossas obrigações. Normal é desempenharmos da melhor forma possível as funções que nos são outorgadas tendo sempre por orientação a ética, o bem comum e a eficiência”. Agradeceu ainda à mulher, companheira de 45 anos, sempre presente, confidente e conselheira, aos “filhos extraordinários” - a maior realização -, mas também às centenas de colaboradores em várias actividades e aos “bons e verdadeiros amigos, porto seguro em todos os tormentos da vida”.O escritor de Saramago e Lobo Antunes A história de uma viagem anunciadaO jornalista e escritor João Céu e Silva, com raízes em Alpiarça, premiado na área da cultura, agradeceu o apoio à família e pediu desculpas pelas horas roubadas pelo trabalho. “Estes livros, como os que estou a escrever sobre José Saramago e Lobo Antunes, retiram tempo à família e aos amigos, mas é o que me dá prazer fazer”, confidenciou.Escrever as notícias é importante, mas a grande reportagem, a grande entrevista e a grande história são géneros que não devem ser descurados e que também ocupam as horas e os fins-de-semana, ressalva o jornalista que admite que a actividade é complexa sobretudo no período que se vive actualmente com a crise económica e política. “Fazer jornalismo como O MIRANTE faz deve ser extremamente complicado actualmente. Vejo isso no Diário de Notícias, por isso imagino num cenário mais regional”, afirmou. A premiada na área da cultura feminino, a bailarina e coreógrafa Cláudia Neves Martins, que dirige a companhia “VorticeDance” com o companheiro, Rafael Carriço, em Fátima, anunciou que além do prémio de O MIRANTE recebeu também uma boa notícia. “Hoje recebi dois prémios. Além deste recebi um convite para estar no coliseu de Londres”, partilhou.

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