Sou natural da cidade de Vila Franca de Xira e vivo aqui há mais de 50 anos. Sempre tive o privilégio de viver numa terra de gente boa e trabalhadora, que preservava o património e as coisas bonitas da nossa cidade. Via-se na cara das pessoas o orgulho em ter uma terra cuidada. Infelizmente, na última década, a cidade tem decaído a pique, deixando para trás um rasto de património abandonado que não prestigia quem nos visita e não honra quem aqui vive. Os lavadouros estão fechados. Há pelorinhos partidos, passeios quebrados e jardins por arranjar. O Constantino Palha é uma vergonha! A entrada norte da cidade, na EN 10, no sentido de quem vem da Castanheira do Ribatejo, é um verdadeiro cemitério de edifícios, desde o matadouro aos restos do edifício da EPAC. Já coloquei a questão várias vezes mas nunca ninguém me conseguiu responder. Porque motivo não são estes edifícios recuperados e toda esta zona recuperada? Não deverá ser difícil porque em Azambuja as antigas instalações da EPAC foram transformadas (e bem!) num espaço cultural que serve vários propósitos, do teatro à música. E em Vila Franca? Falta dinheiro ou vontade? Isto porque nestas bandas só ouvimos falar de entraves, burocracias e papelada variada que nunca é responsabilidade de quem dirige o município. Já nem vou falar dos toxicodependentes e sem abrigo que andam a vaguear e a pernoitar nestes edifícios. Talvez se houvesse mais boa vontade na resolução deste problema já tivéssemos uma cidade digna. Ah! E se de um lado temos tudo isto, do outro temos agora as antigas instalações da armada fechadas e a degradarem-se, outra guerra perdida da câmara como foi o Museu do Ar. Podemos viver na periferia de Lisboa e sermos cada vez mais alcunhados de “cidade dormitório”, mas isso não invalida que não tenhamos gosto e carinho em ter as coisas arranjadas. Mário Cruz Fernandes