
O tabaco e o euromilhões são as maiores fontes de receita das papelarias de Benavente
Proprietário do Quiosque do Parque sobrevive apenas a vender jornais e revistas
Em Benavente a venda de jornais e revistas já não dá o lucro que já deu. Muitos compradores de notícias viraram-se para a Internet ou aproveitam os jornais disponibilizados pelos cafés. Felizmente para os donos das papelarias não há crise que faça baixar a venda de tabaco.
Manuel Dias mal se consegue movimentar no reduzido espaço do Quiosque do Parque, em Benavente. Mas é ali que trabalha há uma dúzia de anos. Mergulha por momentos num mar de revistas e jornais para procurar o que um cliente lhe pede e volta à tona com uma revista na mão e a resposta à pergunta de O MIRANTE na ponta da língua. “Antes também vendia tabaco. Era o que me dava mais lucro. Mas depois de ter sido assaltado duas vezes desisti”.O quiosque está situado numa zona central da vila, no Parque 25 de Abril. Apesar da quebra na procura de jornais, excepção feita aos desportivos, Manuel Dias, já entrado na casa dos sessenta, vai-se aguentando. “É difícil viver só da venda dos jornais e revistas, mas como o quiosque está localizado numa zona central e até dá para os clientes estacionarem os carros, consigo vender cerca de 130 jornais por dia. Não tenho prejuízo, mas também não dá muito lucro”, explica. Por causa disso já programou o fim da actividade. “Mal a minha mulher atinja a idade da reforma, fecha o negócio”.Em Benavente é possível comprar jornais em mais quatro locais. Três papelarias e um centro de cópias. Jornais e tabaco, para além de outros produtos. Apesar das campanhas contra o fumo, é a venda de cigarros que mais contribui para a sobrevivência daqueles estabelecimentos. Se tivessem que viver apenas da venda de jornais como o Quiosque do Parque, já tinham falido. É o que asseguram os proprietários e o que se depreende dos resultados das vendas. A “Papelaria Reis” vende diariamente cerca de 30 jornais. Os mesmos que vende a “Revistas etc”. A “Nortistas”, apenas 15. O “Centro de Cópias Chendo’s” fica-se pela dezena. Na vila ribatejana já houve mais concorrência mas na última década e meia fecharam duas papelarias. Paula Chendo justifica a quebra na venda de jornais com o facto de haver muita gente que prefere lê-los na Internet ou aproveitar os que são disponibilizados nos cafés para consulta dos clientes. Os comerciantes concordam que a quebra na venda dos jornais desceu drasticamente nos últimos anos e recordam algumas das publicações que vendiam bem mas que se extinguiram, como O Tal & Qual ou O Independente. Agora as vendas são irregulares. Célia Matias da Papelaria Reis diz que “quando acontece alguma coisa que afecta as pessoas da região os jornais esgotam”. Maria do Carmo Gonçalves está há 7 anos ao balcão da “Papelaria Nortistas”. A dimensão da papelaria é substancialmente maior que a de um quiosque mas ainda assim a funcionária queixa-se de que a falta de espaço. “Antigamente não havia nem metade das publicações que existem hoje em dia. Isso pode ser melhor para os clientes que têm mais escolha mas é negativa para os comerciantes porque os obriga a ter à venda tudo e mais alguma coisa”. É que se um comprador não encontra a publicação que quer, acaba por se perder um cliente. Os lucros da papelaria são feitos com a venda de tabaco e também com o jogo. “A maioria dos clientes que entra na loja pede uma “raspadinha” ou vem meter o euromilhões”.Nas três papelarias da cidade os artigos expostos são praticamente comuns. Material escolar ou de escritório, lembranças, publicações e livros espalhados pelas prateleiras e expositores. Maria de Lurdes Faria, dona da Papelaria Revistas Etc diz que a venda sazonal de livros escolares também já não é um negócio lucrativo. Célia Matias concorda. “É bem maior a dor de cabeça do que o lucro”. A papelaria Revistas Etc existe há 17 anos, e já chegou a ter cinco funcionários mas hoje por força das circunstâncias tem apenas um. E a diminuição de pessoal é comum a todos os outros estabelecimentos.

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