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Presidente do Centro Desportivo de Fátima sem condições para se recandidatar a novo mandato

Presidente do Centro Desportivo de Fátima sem condições para se recandidatar a novo mandato

“O concelho de Ourém tem que afirmar com clareza se interessa ou não ter um clube no futebol profissional”

O presidente da direcção do Centro Desportivo de Fátima, Luís Albuquerque, diz estar sem condições para apresentar uma recandidatura, ao cargo que ocupa desde 2008, nas eleições de 22 de Março. O dirigente pretende que o concelho de Ourém confirme com clareza se interessa ou não ter um clube no futebol profissional.

Já está no Centro Desportivo de Fátima há muitos anos?Sim. Fui jogador do clube durante muitos anos e há sete anos, numa altura em que o clube vivia momentos muito difíceis, juntei-me a um grupo de pessoas que formaram uma direcção para tirar o clube daquela situação. Começou como director desportivo?Assumi funções de director desportivo durante três anos, depois fui vice-presidente para o futebol durante dois anos e fui eleito presidente há dois anos. É mais difícil ser presidente do que director desportivo?Claro que ser presidente é ter mais responsabilidades. Até aqui as minhas preocupações eram quase exclusivas com o futebol, agora como presidente as preocupações abrangem todas as áreas e actividades do clube. O Fátima já ultrapassou a denominação de clube de bairro, atingiu uma grande dimensão quer no futebol profissional quer na formação, que obriga a uma grande disponibilidade.E essa disponibilidade começa a ser demasiada para si?É óbvio que sim. Não é por cansaço. Quem anda nisto por gosto o cansaço é diluído. Mas são já muitos anos sem domingos, a privar a família dos fins-de-semana. São muitos problemas para resolver, como é natural, são muitas dificuldades para levar o futebol profissional e a formação por diante.Tem assim tantos problemas?O barco é já muito grande e exige uma disponibilidade enorme. É a falta de campos para treinar, é uma luta diária, são muitos problemas que às vezes nos sentimos impotentes para os resolver.A passagem para o futebol profissional também ajudou a criar mais problemas?Não é por aí. Felizmente o clube tem as contas em dia. Depois daquela fase em que pegámos no clube, que efectivamente vivia dias muito difíceis, em todos os capítulos, demos uma volta de 180 graus.Então qual é o grande problema para ponderar ficar de fora nas eleições que se aproximam?O grande problema prende-se com a entrada do Centro Desportivo de Fátima no futebol profissional. Não se trata de um capricho meu é um projecto que deve merecer o apoio de muita gente do concelho e isso não tem sido muito visível. É uma situação vantajosa para a cidade de Fátima e para o concelho de Ourém. Acho que a cidade pela sua projecção merece um clube até a um nível ainda mais alto.O que é que falta para isso?Não posso ser só eu e os companheiros de direcção a querer. Tem que haver mais gente a ajudar. As entidades oficiais, empresas e sócios têm que mostrar com clareza que querem realmente que o clube avance. E actualmente não vejo que haja um grande interesse nisso. É preciso que me digam que sim ou que não querem um clube a representar a cidade e o concelho ao mais alto nível. Têm que assumir as suas responsabilidades.Esses problemas estão a colocar-se só agora?Esses problemas têm-se colocado sempre. Só que o Fátima tem vivido à conta dos patrocinadores e agora o clima económico em Portugal não é favorável a essa participação. As empresas vivem com dificuldades e obviamente que isso se reflecte nos apoios ao clube.E o apoio da Câmara Municipal de Ourém e da Junta de Freguesia de Fátima não ajuda a colmatar essas dificuldades?Às vezes não é só o apoio financeiro, que é importante. Precisamos de outros apoios. É tão só a simples presença, a simples palavra de apoio e de incentivo, que neste momento não existe. E noutras alturas existiu. Não tenho nada contra as pessoas que estão na câmara municipal, mas tirando o vereador que é simultaneamente presidente da Assembleia-Geral do Fátima, ainda não vi ninguém do executivo da autarquia a ver um jogo do Desportivo. Mas o apoio financeiro é importante?É. O Fátima está na Liga de Honra e nós temos que nos comparar com os outros clubes que disputam o campeonato connosco. Quando se diz que o apoio concedido pelas autarquias é para o futebol jovem eu estou de acordo, mas a realidade é que nós temos que tirar dos apoios ao futebol profissional, para investir na formação. Gastamos 100 mil euros com a formação, e o subsídio que a câmara nos dá anualmente é de 50 mil euros. O que queríamos da autarquia era precisamente isso, que nos atribuísse um subsídio que cobrisse as despesas com a formação, são centenas de jovens que acompanhamos no dia a dia e penso que merecemos que olhem bem para o nosso trabalho.Nos outros clubes acontece algo de igual?Não é bem assim. Nós gostaríamos de nos comparar com os clubes do nosso campeonato, que chegam a ter subsídios de 600 mil euros. O clube que se aproxima mais do valor que nos é atribuído é o Carregado, e sei que recebe três vezes mais do que nós. O anúncio de uma possível não recandidatura é para tentar mexer com as pessoas?Também pode ser entendido como isso. Já há algum tempo que informei o presidente da assembleia para estas dificuldades e sensibilizei-o para estas dificuldades, e até hoje ninguém me disse nada. Há um silêncio que está a ser difícil de gerir?É, penso que o Fátima precisa de ter tranquilidade nesta fase do campeonato. A data das eleições, 22 de Março, está aí, para bem do clube, para a estabilidade da equipa e para preparar o futuro, já devia haver algumas movimentações no sentido de garantir que no dia 22 de Março apareça uma solução forte e equilibrada para o CDF.Já falou com o presidente da câmara sobre o Fátima?Logo que o novo executivo tomou posse, tivemos oportunidade pedir uma audiência ao presidente, que nos recebeu rapidamente, expusemos a situação do clube, depois disso ficou combinado que seria o vereador a tempo inteiro, que é ao mesmo tempo presidente da assembleia-geral CDF, que faria a ponte para marcar outra reunião, até agora estamos à espera.Parece-lhe que os responsáveis estão desinteressados da carreira do Fátima?Eu não diria desinteresse. Vou mais para algum receio em assumir a posição do clube. É preciso que digam claramente se é ou não importante para o concelho terem uma equipa nesta liga. Para nós a opção tem que ser clara, porque se querem que a equipa venha para um escalão mais baixo, serei o primeiro a dizer tudo bem, tomem conta do clube e sigam para a frente. Comigo é que não.Falou em dificuldades para treinar, como é que está o projecto do prometido campo de treinos?É outra situação, que está por resolver. Foi-nos prometido na altura das duas subidas que a obra iria avançar, mas até agora continua tudo na mesma, apenas promessas. Para ter uma ideia das dificuldades que temos, esta semana tivemos que treinar no sintético de Ourém que é da câmara, e pediram-nos pela primeira vez dinheiro de aluguer do campo. Como é que eu posso estar satisfeito com o apoio das entidades.Está mesmo disposto a deixar o lugar a outra pessoa. Isso não lhe custa depois de tantos anos no clube?Estou. Mas vai custar muito. Se não fosse o amor que tenho ao Fátima, já há muito tempo que tinha deixado. Mas toda a gente sabe o quanto eu vivo o clube. Estou aqui há mais de vinte anos, foi aqui que me fiz homem, e obviamente que tudo isto me custa. Mais ainda vendo as potencialidades que o clube e a região tem para ir a médio prazo até à primeira liga.
Presidente do Centro Desportivo de Fátima sem condições para se recandidatar a novo mandato

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