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Há 15 anos que o Tejo não inundava a vila ribeirinha de Alhandra

Há 15 anos que o Tejo não inundava a vila ribeirinha de Alhandra

Leito do rio subiu rapidamente e apanhou todos de surpresa

Desde 1995 que a população de Alhandra não tinha às portas de casa a visita indesejada da água do Rio Tejo. Foi na tarde de sábado que o leito mais subiu mas as inundações prolongaram-se por vários dias com a preia-mar.

“A maré começou a subir com uma rapidez como nunca tinha visto. A água entrou pelos esgotos e numa questão de cinco, dez minutos ficou tudo inundado. Estavam pessoas a almoçar e tiveram de sair a correr. Não deu tempo para tirar nada”, relata Paulo Rodrigues, 37 anos, dono de um restaurante na Avenida Sousa Martins em Alhandra, concelho de Vila Franca de Xira.O estabelecimento comercial foi um dos que ficou inundado pelas águas do Rio Tejo que galgou o leito e entrou pela vila ribeirinha adentro sem avisar apanhando todos de surpresa na tarde de sábado, 27 de Fevereiro.Desde 1995 que a população de Alhandra não tinha o Rio Tejo a bater-lhes à porta com tanta intensidade e rapidez. Várias lojas e casas particulares ficaram inundadas, obrigando os bombeiros locais a trabalhos redobrados.“Há mais de duas horas que a bomba está a retirar água. Subiu cerca de 60 centímetros. Antigamente as pessoas estavam habituadas a este tipo de coisas. Só no fim é que vou fazer conta aos prejuízos”, revela Paulo Rodrigues enquanto a bomba dos bombeiros continuava a debitar água para a rua.A poucos metros dali está Francisco Anjos, 57 anos, de esfregona e pano na mão a apanhar a água que ainda resta na casa da sua mãe de 84 anos, que teve de ser levada para a casa de uma neta. Os sofás e os tapetes estão irremediavelmente estragados.“Dizem que foram as barragens espanholas e as nossas que fizeram descargas ao mesmo tempo. Ninguém nos avisou. Tivemos um palmo de água aqui dentro. Estou à espera que a maré vaze para ir buscar lama e pôr na porta”, revela Francisco Anjos, antevendo o que se viria a passar durante a madrugada.A linha Norte foi cortada e os comboios estiveram parados cerca de uma hora. O lado sul do mouchão de Alhandra sofreu um rombo, obrigando os bombeiros a intervir com um bote para retirar um homem e alguns animais que lá se encontravam.O comandante dos Bombeiros Voluntários de Alhandra acompanhou sempre de perto o desenrolar dos acontecimentos. “O Tejo tapou o cais. Nos 10 minutos seguintes entrou para dentro da vila com uma força impressionante. Tivemos de retirar algumas pessoas que estavam acamadas e entregá-las a familiares”, revela Jerónimo Caetano.No seu entender esta situação deveu-se a uma conjugação de vários factores. As descargas das barragens que em simultâneo com as marés vivas e o forte vento que se fez sentir levaram a que o leito do Rio Tejo transbordasse para o centro da vila.O comandante recebeu no seu quartel a visita do governador Civil de Lisboa, António Galamba, a presidente da Câmara Municipal de Vila Franca de Xira, Maria da Luz Rosinha e o comandante operacional municipal da Protecção Civil, António Carvalho, a fim de acompanharem o desenrolar das coisas no local.Enquanto as autoridades falavam para as televisões, Mário Martins, 76 anos, e João Henriques, 73, “entretinham-se” a limpar o que a água sujou na sua casa mesmo em frente ao quartel dos bombeiros. “Em 1967, quando foram as grandes cheias, cheguei a ter um metro de altura. Hoje não passou de 20 centímetros”, conta Mário Martins bem-disposto. Os dois amigos garantiam que iam jantar, ver o Benfica e só “lá para as duas e meia da madrugada” é que se iam preocupar novamente com as inundações quando viesse a preia-mar.A vila foi novamente atingida pela subida do Rio durante a madrugada mas sem a força de sábado à tarde. As inundações repetiram-se nos últimos dias sempre à hora da maré-cheia mas sempre em menor escala.
Há 15 anos que o Tejo não inundava a vila ribeirinha de Alhandra

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