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João Elvas

João Elvas

49 anos, empresário, Tomar

Nasceu em Lisboa a 25 de Abril de 1960 mas com apenas um ano foi viver para Tomar uma vez que a família estava à frente da Fábrica da Fiação. É o proprietário da Quinta dos Pegões, junto ao aqueduto nas imediações do Convento de Cristo. Apaixonado por História, gosta de parar, escutar e olhar. Porque sabe que olhar é diferente de ver. Nos tempos livres gosta de estar com os amigos e partilha com os dois filhos a paixão pelo Benfica.

A minha família esteve durante cem anos à frente da Fábrica da Fiação de Tomar. Os antigos donos venderam a fábrica ao meu trisavô no início do século XX. Seguiu-se o meu tio-avô, o engenheiro João Miguel Santos Simões que, para além de ser conservador do Convento de Cristo, foi o homem que recuperou a Festa dos Tabuleiros em 1950 e juntou todos os cortejos parciais, das freguesias, num único cortejo. Nasci em Lisboa mas sinto-me tomarense. Vim para Tomar com um ano porque o meu pai, que era engenheiro civil, veio para cá trabalhar como director fabril. As casas dos administradores eram dentro da fábrica. Somos 5 irmãos e tivemos a sorte de crescer dentro de uma fábrica, com jardins maravilhosos. Tínhamos a vala que passava junto à fábrica para pescar. Foram os melhores tempos da minha vida.Fiz 14 anos no dia da revolução e, naquela altura, não tinha muita consciência do que significava. Entrei no Colégio Nun’Álvares, com seis anos, onde estudei como interno e fiz o ciclo preparatório na Escola Gualdim Pais. Em 1973, porque os meus dois irmãos mais velhos acabaram o liceu e entraram em Medicina, a minha família foi viver para perto de Almada, para a quinta do meu avô paterno. Em 1974 viviam-se grandes convulsões estudantis e as aulas não começavam. Consegui uma vaga para estudar em Tomar. Vim para cá viver com o meu pai.Vivi um episódio marcante no pós 25 de Abril. No dia 5 de Fevereiro de 1975, quando vou para o liceu - a nossa casa era dentro dos portões da Fiação – tinha a entrada barricada. Havia piquetes de trabalhadores por todo o lado. Sequestraram-nos, a mim ao meu pai e ao meu tio, no primeiro andar da casa. Estivemos ali dois dias fechados e cortaram-nos os telefones e comunicações. A minha mãe soube disto através de um programa no Rádio Clube Português, onde se disse que “finalmente os fascistas da Fábrica da Fiação tinham sido apanhados”. Durante o sequestro, o meu pai sempre me tentou passar uma mensagem de calma. No dia 6 de Fevereiro as forças armadas tentam tirar-nos da fábrica mas não conseguem porque havia uma ameaça de bomba na Estação do Entroncamento. Só saímos no dia 7, no meio de um cordão de operários, escoltados por militares. Seis meses depois a fábrica fechou. Roubaram tudo o que havia. Essa é a verdade.Tirei o curso de Direito. Exerci advocacia “dura” durante seis anos e no dia 15 de Julho de 1994 – que coincide com o dia em que o meu pai morre – entrei como chefe de contencioso na Renault Gest, uma empresa de ramo automóvel. Dois anos mais tarde trabalhei como director de departamento do Banco Mello e, mais tarde, na área da banca de investimentos. Cheguei a ter o sonho de poder dar sequência ao trabalho do meu pai e do meu tio mas a minha vocação para as ciências não era grande. Em 2005 decidi mudar de vida. Já não estava motivado para a advocacia de banca. Comprei a Quinta dos Pegões, em Tomar, em 1999, para habitação de fins-de-semana. Nunca me passaria pela cabeça viver dentro do centro urbano da cidade. Começamos aos poucos a arranjar a quinta, a plantar as vinhas. Como espaço de eventos foi inaugurado no Verão passado. Tem uma vista extraordinária.A Quinta dos Pegões não existia sem a colaboração do casal António e Assunção Dias. Faço muita questão que fiquem na fotografia comigo. São os proprietários dos terrenos contíguos aos meus. Quando comecei a plantação de vinhas estavam caóticas. Foi o António que me ajudou. Fui eu que lhe fui bater à porta e pedir ajuda porque vi que os terrenos deles estavam bem amanhados. Colaboram comigo há 8 anos. Não há relação salarial. Gosto de passar os meus tempos livres a conversar com os amigos. Fomento muito os nossos encontros. Sou um apaixonado por História, por legado familiar. Sou uma pessoa extrovertida por natureza. Gosto muito de brincar. Gosto muito do Benfica. É uma paixão doentia. Os meus filhos são sócios desde que nasceram. Gosto muito de viajar de carro. Adoro fazer viagens de carro por Espanha. Elsa Ribeiro Gonçalves
João Elvas

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