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“Cristo” de Ourém é comerciante e diz que aproveita o percurso do calvário para meditar

“Cristo” de Ourém é comerciante e diz que aproveita o percurso do calvário para meditar

Via sacra realiza-se há 12 anos e termina no castelo para promover aquele património
António Gonçalves, comerciante, chega montado num burro ao núcleo amuralhado do Castelo de Ourém. Sorriso bondoso, cabelos longos grisalhos e barba. É cumprimentado por todos com alegria e entusiasmo. É ele que há 12 anos encarna a personagem de Jesus Cristo na via-sacra. Há tantos anos quantos aqueles que conta a encenação da crucificação. Na Sexta-feira Santa, dia 2 de Abril, por entre uma multidão curiosa e figurantes vestidos a preceito, António Gonçalves voltou a arrastar uma cruz de 30 quilos, durante cerca de uma hora, por um penoso percurso de calçada, até por fim ser “crucificado” frente à estátua do Santo Condestável, D. Nuno Álvares Pereira.Ponto alto do programa da Semana Santa em Ourém, a tradicional Via-Sacra ao vivo nos Castelos de Ourém contou com a participação de 80 figurantes. Em muitos casos, famílias inteiras estiveram inseridas na encenação, representando o povo e o coro que primeiro glorifica e mais tarde crucifica Jesus Cristo. “O Cristo de Ourém” diz a O MIRANTE que é preciso “muita fé” para conseguir aguentar a caminhada. “É um dia de muito sacrifício”, desabafa. “Houve anos em que pensei desistir”. O apoio de todo o grupo e a envolvência do projecto foram-no motivando a reviver, ano após ano, o calvário. “É uma responsabilidade representar a maneira como foi o sofrimento e a morte de Cristo”, refere. “A caminhada em si é toda uma reflexão”. António Gonçalves lembra a reacção das pessoas. Muitas choram ao vê-lo passar. “Todos os anos tenho uma história para contar”, comenta. Este ano o burro branco em que se fazia transportar todos os anos, estava doente e teve que ser substituído por um jumento acastanhado. Apesar da inexperiência o animal portou-se à altura e foi o centro das atenções dos figurantes, que no salão da Igreja de Nossa Senhora das Misericórdias se preparavam para mais uma actuação.Gonçalo Gonçalves, de 12 anos de idade, faz de elemento do povo. Explica que o papel da sua personagem é fazer rir o público, lembrando-o do que vai suceder de seguida. Se pudesse escolher, faria de Caiafás, papel actualmente representando pelo seu pai. Diz que para si a “Páscoa é união, família”, para além das amêndoas e dos chocolates. Do aspecto religioso sabe pouco apesar de participar na encenação da via-sacra há cinco anos. “Agora sei um bocadinho mais porque tenho visto alguns documentários na RTP2”, confessa.Mário Catarino, responsável por todo o projecto, explica que as cenas finais, nomeadamente a crucificação, decorrem junto ao Castelo, como forma de promover aquele património do concelho. “O Castelo de Ourém é a sede mais antiga do concelho e o ex-libris de Ourém”. A organização da via-sacra é de verias entidades entre as quais a Câmara Municipal da Ourém, Turismo Leiria-Fátima e Paróquia de Nossa Senhora das Misericórdias. A GNR controlou o trânsito e fez a segurança. Dois autocarros fizeram o transporte de espectadores até ao Castelo.
“Cristo” de Ourém é comerciante e diz que aproveita o percurso do calvário para meditar

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