uma parceria com o Jornal Expresso

Edição Diária >

Edição Semanal >

Assine O Mirante e receba o jornal em casa
31 anos do jornal o Mirante
Concerto de Música Barroca atrai uma centena de pessoas à Sé Catedral de Santarém

Concerto de Música Barroca atrai uma centena de pessoas à Sé Catedral de Santarém

Espectáculo assinala décimo aniversário da Fundação Passos Canavarro
Faltam 25 minutos para o início do espectáculo quando Filomena e António Azevedo entram na Sé Catedral no Largo do Seminário, em Santarém. São dos primeiros a chegar. Ela veste um elegante conjunto saia e casaco preto debruado a branco. Ele um fato azul-escuro com gravata bordeau. Fizeram questão de se vestir a preceito para assistir ao concerto de música barroca que se realizou na noite de quinta-feira, 8 de Abril, com o contra-tenor, Luís Peças e o organista, João Santos. Um espectáculo para assinalar o décimo aniversário da Fundação Passos Canavarro.Apesar do tipo de música não ser muito usual e à mesma hora estar a dar, em directo, na televisão o jogo de futebol entre o Benfica e o Liverpool, a igreja do Seminário juntou uma centena de pessoas. “Santarém tem vários espectáculos todos os meses, mas este é diferente, por isso quando soubemos que ia acontecer fizemos questão de vir. É uma noite muito bem passada cujas músicas nos levam para as grandes salas de música da Europa, embora esta igreja seja um espaço grandioso e muito bonito”, refere Filomena Azevedo.Entre os espectadores O MIRANTE encontrou várias figuras conhecidas ligadas à cultura da cidade como é o caso do cônsul honorário do Brasil em Santarém, Joaquim Botas Castanho, o coronel Garcia Correia, a antiga vereadora da Cultura, eleita pelo PS, Graça Morgadinho, habitual frequentadora das iniciativas culturais da cidade, o presidente da junta de Marvila, Carlos Marçal, e a ex-vereadora da Educação, Lígia Batalha.O vereador Vítor Gaspar confessou a O MIRANTE que estava a assistir ao concerto não só como representante do executivo municipal mas também por apreciar aquele tipo de espectáculo. O bispo de Santarém, D. Manuel Pelino Domingues, e o padre Aníbal Vieira, responsável pela paróquia, estavam sentados na primeira fila ao lado de Pedro Canavarro, presidente da Fundação Passos Canavarro.Isabel Mendes lê o programa do espectáculo com as músicas que vão ser tocadas e aguarda serenamente o seu início. Surpreendida pela reportagem de O MIRANTE, a professora confessa que acompanha “sempre que pode” a actividade cultural da cidade de Santarém. “Existem muitos espectáculos no Teatro Sá da Bandeira e no Teatro Taborda, organizados pelo Círculo Cultural Scalabitano. Aprecio mais uns do que outros, mas sempre que tenho disponibilidade gosto de assistir. Faz sempre bem alimentar o espírito com espectáculos bonitos como este”, refere.A mesma opinião é partilhada por Felício Amoreira. O economista garante fazer um esforço para não perder os espectáculos culturais que considera mais interessantes. E quando não encontra em Santarém, vai à procura em Lisboa. “Temos que nos cultivar e estas iniciativas não são consideradas perdas de tempo”, diz.Luís Peças e João Santos abriram o concerto com “Verdi Prati” de Haendel terminando com “Ombra mai fu” do mesmo compositor alemão. A interpretação de Luís Peças e João Santos foi intercalada com actuações a solo do organista no órgão de tubos da igreja.“Não podemos ser cidadãos do mundo enfiados em casa”O concerto de música barroca realizou-se a 8 de Abril para assinalar o dia em que a Fundação Passos Canavarro foi publicada em Diário da República. O presidente da Fundação Passos Canavarro pretende comemorar as datas mais significativas da primeira década da Fundação. Pedro Canavarro faz um balanço muito positivo dos primeiros dez anos à frente da Fundação Passos Canavarro e quer fazer da casa “conquistada por D. Afonso Henriques, onde viveu Passos Manuel e onde Almeida Garrett pernoitou e escreveu parte do romance “Viagens na Minha Terra”” um espaço para a população.“Aquela casa tem que estar aberta ao público, tem que se organizar jantar temáticos, palestras. Queremos fazer com que as pessoas se sintam amigas da Fundação e que elas próprias ajudem a preservar a casa”, disse a O MIRANTE momentos antes de começar o concerto de música barroca.Pedro Canavarro considera que Santarém tem uma oferta cultural razoável. Que se as pessoas estiverem atentas encontram actos culturais com interesse. O presidente da Fundação Passos Canavarro considera, no entanto, que a sociedade se encontra num momento de viragem muito importante.“É preciso arranjar muita criatividade para ultrapassar a falta de espírito associativo, ultrapassar o individualismo que é gritante e ultrapassar também o virtual. As pessoas estão muito individualizadas porque têm tudo em casa, chegam ao mundo através da internet e não convivem, por vezes, nem com a própria família. As pessoas não procuram porque actividades culturais porque se satisfazem com o que se está a passar do outro lado do mundo sem sair de casa. É muito importante saber o que é estar à espera numa fila para ver um quadro. Quem nunca passou por isso na vida não sabe qual é o esforço necessário para se chegar junto de uma obra de arte. A sociedade civil torna-se fundamental para nos identificarmos com as nossas raízes. Não podemos ser cidadãos do mundo enfiados em casa”, concluiu.
Concerto de Música Barroca atrai uma centena de pessoas à Sé Catedral de Santarém

Mais Notícias

    A carregar...