A fidelidade política de Miguel Relvas a Pedro Passos Coelho, que no Verão passado lhe causou dissabores ao ser excluído das listas de candidatos a deputado pela presidente do PSD Manuela Ferreira Leite, valeu-lhe a nomeação pelo novo líder para os cargos de secretário-geral e porta-voz do partido. Miguel Relvas, que foi o braço direito de Passos Coelho na disputa interna que deu a este a liderança do partido à segunda tentativa, volta assim à ribalta política e a ocupar lugares de responsabilidade na organização interna do partido. O actual presidente da Assembleia Municipal de Tomar já havia sido secretário-geral do PSD entre 2004 e 2005 e foi um dos principais activistas da campanha que levou então Durão Barroso à presidência do partido.Esse dinamismo, próprio de quem conhece bem o partido e se movimenta com à vontade entre as bases, teve como prémio a normação para o cargo de secretário de Estado da Administração Local por Durão Barroso entre 2002 e 2004. O que lhe permitiu conhecer ainda melhor o país. Se Passos Coelho chegar a primeiro-ministro, Relvas fará provavelmente parte do seu núcleo duro governamental.A cumplicidade política entre Miguel Relvas e Passos Coelho remonta à época em que ambos militavam na Juventude Social-Democrata (JSD) e tem mais de duas décadas. Coelho foi líder da Jota e Miguel Relvas seu secretário-geral no final dos anos 80. Situação que agora se repete, mas no escalão sénior do partido. Deputado desde 1985, foi excluído pela direcção cessante do PSD das listas de candidatos às legislativas de 27 de Setembro de 2009, tal como Pedro Passos Coelho. Foi a única vez nos últimos 25 anos em que não figurou nas listas de candidatos a deputado do PSD, sendo a referência do partido no distrito de Santarém, a cuja distrital presidiu durante alguns anos.Tem sido também figura de proa do PSD em Tomar, sua cidade adoptiva desde que ali estudou no extinto Colégio Nun’Álvares. A sua influência foi determinante na recuperação da Câmara de Tomar pelo PSD em 1997, com uma lista liderada por António Paiva, um independente por si escolhido. Desde essa altura que Miguel Relvas, que reside em Lisboa, é presidente da Assembleia Municipal de Tomar.Politicamente sagaz e de oratória fluente e incisiva, burilada nas bancadas da Assembleia da República, Miguel Relvas, 48 anos, volta a surgir na ribalta política com um objectivo bem determinado: ajudar a derrubar o poder socialista e a levar o seu amigo e cúmplice político de sempre a primeiro-ministro de Portugal.