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Já não há sesta mas continua a festa

Em Mossomia, freguesia do Olival, Ourém, domingo de Pascoela (domingo a seguir à Páscoa) é dia da Festa da Sesta. Trata-se de recriar uma tradição que se crê remontar ao tempo da Rainha Santa Isabel e que foi interrompida nos anos quarenta do século passado, por motivos políticos. Foi o Rancho Folclórico Os Moleiros da Ribeira, que em 2002 recuperou a antiga festa com a ajuda das pessoas mais antigas do lugar, que ainda se lembravam de como a mesma era feita por terem participado nela. A Festa da Sesta marcava o início do período durante o qual os trabalhadores do campo tinham direito à mesma. Numa altura em que ainda se trabalhava de sol a sol, eram concedidas duas horas ao almoço, entre o domingo de Pascoela e Setembro, para descanso. A medida destinava-se a evitar o trabalho no período mais quente do dia. A tradição da sesta teria sido implementada pela Rainha Santa Isabel, esposa de D. Diniz, durante o plantio do pinhal de Leiria. Conta-se que quem não participasse na festa perdia o direito à sesta. Assim, nesse domingo, o povo reunia-se no lugar da Mossomodia, trazendo os seus farnéis e instrumentos musicais, e a meio da manhã partia pelos caminhos da freguesia em busca da Rainha Santa que lhes haveria de conceder o direito à sesta.“A Festa da Sesta durava boa parte do dia”, conta José Fernandes, natural da Mossomodia, cujo pai tinha uma taberna que ficava ao lado do local onde a mesma decorria. “Foi ele que me contou que um dia, nos anos quarenta, a GNR apareceu e proibiu que a mesma se continuasse a realizar”. Os bonecos que eram utilizados na Festa da Sesta e que representavam a rainha, o rei e o rico avarento que não queria conceder o direito à sesta aos seus trabalhadores, ficaram guardados mais de meio século até voltarem a ver a luz do dia. “Os bonecos estavam no sótão. Quando eu era garoto brincava com eles”. No domingo, cerca de 50 elementos do Rancho, após dois meses de preparação, levaram a cabo mais uma vez a encenação. O fim do espectáculo recebeu ainda a música da Orquestra Típica de Ourém. O vice-presidente da câmara municipal, José Alho, lançou a ideia de, fazer da encenação um acontecimento que possa atrair visitantes ao concelho. Isaura Vieira, presidente do Rancho Folclórico Os Moleiros da Ribeira, considera a sugestão como o reconhecimento do trabalho feito e diz que vale a pena tentar pô-la em prática, apesar das dificuldades que possa trazer a tentativa de dar uma maior dimensão ao projecto.

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