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No Dia da Mãe há mulheres que não vão ter abraços nem prendas porque nunca quiseram ter filhos

No Dia da Mãe há mulheres que não vão ter abraços nem prendas porque nunca quiseram ter filhos

Os motivos para uma mulher não ter filhos são variados e alguns têm origem em traumas

Paula, Maria e Sandra não vão ter direito a prendinhas nem beijinhos no dia da mãe que se celebra no domingo, dia 2 de Maio. As três optaram por não ter filhos, embora por razões diferentes. E vivem bem com aquela decisão.Filipe Matias

Falta de tempo, apostar numa carreira, falta de vocação para ser mãe e pouca vontade de abdicar da sua liberdade são alguns dos motivos que levam as mulheres a optar por não terem filhos. O MIRANTE recolheu o testemunho de algumas que não se sentem ameaçadas pela pressão da sociedade.Para Paula Mendes, de 45 anos, um trauma de infância levou-a a desistir da ideia de ser mãe. “A minha mãe morreu ao dar à luz a minha irmã. Eu tinha 9 anos. Foi uma situação muito traumática que não consegui ultrapassar. Desde esse dia eliminei da minha cabeça a vontade de ser mãe. O meu marido apoia-me nessa decisão e posso dizer que tenho muita sorte”, refere.Nem todas as mulheres que optaram por não ser mães passaram por situações tão graves. Maria do Rosário da Mata e Sandra Ferreira falam de motivos bem diferentes. O principal é a liberdade. Vestem-se como querem. Vão onde querem, quando querem e não têm de condicionar a sua vida por causa de ninguém. O aparecimento de uma criança só iria destruir esse estilo de vida. Afirmam que preferem não ter filhos a serem “péssimas mães”.Maria do Rosário da Mata, 40 anos, divorciada, garante nunca ter sentido o apelo da maternidade. “A maioria das mulheres que não são mães fizeram-no por terem optado e apostado em seguir carreiras profissionais e estudos. No meu caso essa decisão tem a ver com o facto de nunca ter sentido qualquer apelo para ser mãe. Nunca me apeteceu, de forma consciente, alterar nada na minha vida para ser mãe. Fui casada alguns anos e tive oportunidade, apenas não quis”, conta a O MIRANTE.No escritório de projectos onde trabalha, Sandra Ferreira, 35 anos, diz a O MIRANTE que tem opinião semelhante. “Não me recordo de ter tido em momento algum da minha vida, mesmo em pequena, vontade de ter filhos como têm todas as meninas. Logo desde cedo achei isso e lembro-me perfeitamente do dia e do local em que pensei para mim mesmo que não iria ter filhos. Acredito no relógio biológico e acho que há muitas mulheres que o têm. E acredito que quando não podem ter filhos isso as martirize. A sociedade vive muito da ideia que a função da mulher é ter filhos senão não está completa. Acho que a minha função na sociedade não é essa. Eu tenho uma vida profissional extremamente complexa e complicada e vivo com ela 24 horas por dia, sete dias por semana. Vivo constantemente em stress e adoro viver assim. Adoro não ter horas para me deitar ou fazer seja o que for. Gosto dessa liberdade de fazer o que quero com o meu tempo e sei que uma criança iria retirar-me essa liberdade. É por isso que não quero ter filhos”, explica.Para estas mulheres de Vila Franca de Xira o dia da mãe é vivido como qualquer outro, As que ainda têm mãe dão-lhes “um beijinho especial” e pouco mais. Maria da Mata considera que a data é mais uma no calendário da sociedade consumista. As três convivem bem com o facto de não terem direito a prendas nem a miminhos dos filhos.
No Dia da Mãe há mulheres que não vão ter abraços nem prendas porque nunca quiseram ter filhos

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