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Eleitos do MIC Coruche elogiam regime de Salazar na assembleia municipal

Sessão ficou marcada por troca de galhardetes a propósito de saudações feitas à Revolução dos Cravos

Alguns deputados abandonaram a sala para não ouvir as intervenções que classificaram de “agressões”.

“Não posso votar favoravelmente uma moção que apoia um golpe de Estado, que por incompetência e leviandade acabou numa revolução, onde quem fez o golpe não ficou com o poder e o poder caiu na rua, dando azo a todo o tipo de anormalidades, que só não se tornou numa ditadura comunista devido ao contra golpe do 25 de Novembro”. Foi com este tipo de declaração que o líder do Movimento Independente de Cidadãos (MIC) por Coruche na assembleia municipal, Abel Matos Santos, contribuiu para que a sessão de sexta-feira ficasse marcada por uma acesa discussão. Momentos antes, os deputados de PS e CDU, Artur Salgado e Rui Aldeano, tinham lido documentos de saudação ao 25 de Abril de 1974, e o choque foi inevitável.Assim que o texto de Abel Santos começou a ser lido, sentiram-se as vozes de protesto. O eleito continuou na mesma tónica, com elogios à situação que se vivia em Portugal e no Ultramar antes da revolução. “Era preciso uma Revolução? O país crescia mais de 6 pontos percentuais por ano, a guerra do Ultramar estava ganha, havia emprego e estabilidade, Portugal era reconhecido internacionalmente, tudo estava calmo! Agora sim, temos tudo para que exista uma revolução, com o povo na rua, a contestação, a falência do país no horizonte”, pode ler-se na sua intervenção. Vários deputados abandonaram a sala durante as declarações dos eleitos do MIC, preferindo não ouvir os jovens deputados que não viveram o 25 de Abril de 1974. É que a intervenção de Gonçalo Ferreira acentuou ainda mais o tom crítico, ao referir-se a “mortes, prisões políticas, censura, corrupção, tortura, ausência de liberdade”, na sequência da revolução. Situações que, em seu entender, não mereceriam qualquer celebração. De volta à sessão, o deputado da CDU, Rui Aldeano, sugeriu que toda a “provocação” foi uma situação instigada por alguém exterior à assembleia, defensor do fascismo e contra a Constituição de Abril. E respondeu à letra. “Estes indivíduos estão aqui porque há dois anos houve apoios a este tipo de gente com conferências e apoios a estátuas do velho regime. Se esta vergonha se passou aqui foi porque eles perderam a vergonha e começam a sair da toca. E o senhor presidente da assembleia tinha obrigação de cortar a palavra ou acabar a assembleia. Por todos quantos conheço que sofreram na pele os horrores do fascismo em Portugal, viva o 25 de Abril!”, saudou o deputado, acolhido com vivas e aplausos pelas restantes bancadas municipais.Ao longo da discussão o presidente da assembleia, José Coelho (PS), foi tentando que as intervenções se acalmassem durante o período mais quente, enquanto o presidente da Câmara de Coruche, Dionísio Mendes (PS), sentado a seu lado, não proferiu qualquer comentário. A assembleia viria a acalmar. O deputado do PSD, Francisco Gaspar, apresentou uma moção saudando o 25 de Abril, à qual os dois deputados do MIC deram o seu voto contra. Armando Rodrigues (CDU) votou também contra por considerar que o 25 de Abril não era para todos, referindo-se aos deputados do MIC. Luísa Portugal (PS) declarou, a esse propósito, que só o 25 de Abril permitiu que aqueles elementos, como os restantes tivessem manifestado opiniões tão contestadas, e foi um dos deputados a ausentar-se para não ouvir o que apelida de agressões.

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