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“Só pela união das pessoas vale a pena”Vítor Guia, 54 anos, presidente de Junta de FreguesiaPara o actual presidente da Junta de Freguesia de Azinhaga, Vítor Guia, a Festa do Bodo tem muito valor, destacando-se a união das pessoas nesta época. “Pela maneira como se envolvem, dão as mãos, enfeitam as ruas, pelas casas caiadas de branco… Só por isso vale a pena fazer a festa”, refere. Vítor Guia diz que a festa tem-se imposto por ela própria mas que a vila ganha outro embelezamento que perdura nos anos seguintes. O autarca reconhece que desde que José Saramago ganhou o Prémio Nobel da Literatura em 1998, a Azinhaga passou a ser conhecida no mundo. “Temos 300 visitantes estrangeiros por ano à Fundação e que viajam com o objectivo de ver a terra onde nasceu José Saramago”, indica. “Só as virgens é que podiam participar”Otelinda Nunes, 86 anos, aposentadaOtelinda Nunes recorda a festa desde que nasceu e sente diferenças notórias na tradição, considerando que agora há mais música e espectáculos quando, em tempos idos, eram apenas os três dias de Bodo. “Quando era pequena lembro-me da minha mãe contar que só participavam raparigas virgens à Festa do Bodo”, recorda acrescentando que, hoje em dia, “já não estão com estas cerimónias”. Otelinda Nunes considera que não se dá o devido valor ao facto de José Saramago ter recebido, em 1998, o prémio Nobel da Literatura pelo que não nota grandes diferenças na aldeia. “No meu caso, chorei de alegria quando vi um filho da terra receber um Prémio Nobel”, recorda.“As mulheres fazem as flores”António Rodrigues, 64 anos, serralheiroAntónio Rodrigues defende que a Festa do Bodo é uma tradição que deve continuar porque é uma festa antiga que une os azinhagenses. “As mulheres participam em força a fazer flores, depois temos a tradição da largada dos touros, que traz aqui muita gente, e finalmente o churrasco”, enuncia. “É tudo de borla e isso também conta”, sublinha. Não nota muitas diferenças na aldeia mas relembra a grande afluência de público no dia da inauguração da estátua, junto ao jardim. “No dia-a-dia também há muitos que passam na estrada e param para ver a estátua, o que dantes não acontecia”, refere.“É a festa da partilha”Sónia Félix, 38 anos, cabeleireiraApesar de não ser natural da Azinhaga, Sónia Félix costuma assistir à Festa do Bodo, que considera como “uma festa de partilha”, costumando também contribuir com o pão. “É uma tradição que anima a vila e que mostra às gerações mais novas o que os antigos faziam, por isso é importante que se realize”, considera. Com um salão aberto no centro da vila, a poucos metros da estátua de José Saramago, considera que a Azinhaga não mudou muito desde que este ganhou o Prémio Nobel e que a vila poderia ter tirado um maior partido deste facto. “A juventude tem que entrar no espírito da festa”Francisco Asseiceiro, 57 anos, gerente de oficina/serralhariaFrancisco Asseiceiro sabe que esta é uma festa de origens muito antigas pelo defende que é necessário dar continuidade à mesma, cativando a juventude a participar. “Para que recordem os tempos passados e perpetuem esta tradição da Azinhaga no futuro”, aponta. A partilha do bodo também é um momento significativo. O antigo presidente da junta considera que a Azinhaga tem sido procurada por mais visitantes após a atribuição do Prémio Nobel a José Saramago, visitando não só a Fundação como também à procura de outras referências do escritor. “Uma tradição que nunca deve acabar”Maria Júlia Gramacho, 64 anos, auxiliar de jardimPara Maria Júlia Gramacho, a Festa do Bodo é uma tradição que nunca deve acabar uma vez que representa o espírito de partilha na verdadeira acepção da palavra. “Antigamente eram os ricos que faziam isso. Matavam a vaca e chamava-se a festa do Bodo porque davam a carne aos pobres”, explica. A habitante não considera que a vila mudou muito desde que foi atribuído o Prémio Nobel a José Saramago. “Até porque há muitas pessoas que não gostam da estátua. Dizem que é muito grande”, sublinha apesar de notar que, de vez em quando, a vila recebe algumas excursões.

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