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Manuel Grilo

Manuel Grilo

52 anos, secretário de justiça, Pafarrão (Torres Novas)

Manuel Grilo tem 52 anos e é secretário de justiça no Tribunal de Santarém. Tem três filhos – um químico e dois médicos - e mora no Pafarrão, uma localidade da freguesia de Chancelaria, concelho de Torres Novas, conhecida como a terra da laranja. Todos os dias enfrenta uma viagem longa. O comboio é o seu meio de transporte. Ao fim de semana aproveita para pôr em dia as leituras dos jornais económicos e tratar do jardim.

Nasci no Pafarrão [freguesia de Chancelaria, concelho de Torres Novas]. Chamam-lhe a terra da laranja. É lá que resido. Fica no sopé da Serra de Aire. Levanto-me às seis e meia da manhã. Saio de casa todos os dias às sete e um quarto. Ao princípio custou. Agora já estou habituado. Gosto de entrar no tribunal entre as oito e as oito e meia. E nunca chego a casa antes das sete ou oito da noite.Todos os dias apanho o comboio em Riachos. Quando chego a Santarém vou de autocarro até ao centro da cidade. É uma escolha que faço por questões económicas, mas também práticas. Demoro menos tempo. Por vezes até venho de carro. Mas só para ir da Portela ao centro da cidade demoro quase tanto como se viesse de comboio.Sou casado e tenho três filhos. Um com 27 anos e dois gémeos, um rapaz e uma rapariga, com 25 anos. O meu filho mais velho é químico. Os dois mais novos são médicos. Eu sou orfão de pai desde os seis anos. Sou filho único. Trabalho no Ministério da Justiça há 31 anos. Fui subindo na carreira. Passei por várias comarcas: Alcobaça, Alcanena, Golegã, Santarém... Tinha estado em Santarém como escrivão de direito há 21 anos. Era secretário de justiça em Tomar, mas em 2008 fui requisitado para Santarém. Acabei o antigo sétimo ano na altura do 25 de Abril. Vivíamos uma altura difícil, como agora. Disseram-me que estavam a abrir estágios para os tribunais e foi assim que comecei. Fiz o estágio em Torres Novas e depois ainda estive quatro anos à espera para ingressar nos quadros do Estado. Nesse interregno trabalhei no sector privado como empregado de escritório. Nunca pensei vir a exercer este tipo de funções, mas acabei por gostar. A minha actividade é muito exigente. Estou normalmente muito absorvido no trabalho, nomeadamente aqui em Santarém. O tribunal tem 44 funcionários e 20 magistrados. Coordenar todas essas actividades - sob a superior direcção do senhor juiz presidente - é complicado. Cheguei a pensar ir para a faculdade. Alguns magistrados incentivaram-me a isso, mas optei por concentrar-me nos meus filhos. Nos últimos anos vivi para a educação deles. Trabalhei empenhado nisso. Estudaram em Coimbra. Foi esse o meu objectivo de vida. Vivo intensamente as minhas funções. Não tenho tempo para muito mais. Gosto disto e não me arrependo de me ter dedicado muito. Quando os meus filhos tinham sete e oito anos andava eu fora da terra. Percorria todo o país de comarca em comarca. A minha mulher é que ficou mais responsável pela educação deles. Tenho um jardim. Corto a relva e encarrego-me da manutenção. Tenho uma pequena agricultura. Distraio-me um pouco lá no meio das laranjeiras. Na terra das laranjas temos um micro-clima. Ao fim de semana também aproveito para ler os jornais todos. Semanários. E agora sobretudo os económicos. Preocupa-me esta situação de crise que vivemos. Uso fato e gravata. É assim que gosto de trabalhar no tribunal. Custa sobretudo nos dias de mais calor. Mas a verdade é que me habituei e agora até me sinto mal se não me visto assim. Tenho uma hora de almoço. Faço uma refeição rápida. Não tenho tempo para exercício físico. Não levo trabalho para casa, mas já levei em tempos. Hoje está tudo informatizado. Provavelmente vou reformar-me aos 65 anos. Acho que se exagerou um pouco a esse nível.Tiro férias no mês de Agosto. Já cheguei a fazer férias no estrangeiro. Agora prefiro ir para fora cá dentro. Há mais sossego. Vou para a praia. Algarve e Oeste, alternadamente. Não sou de ficar muito tempo na areia. Mais do que de sol e banhos prefiro uma esplanada à beira mar. Ana Santiago
Manuel Grilo

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