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O teatro por amor à camisola na vila de Pontével

O teatro por amor à camisola na vila de Pontével

Grupo Cénico da Casa do Povo de Pontével junta novos e velhos na paixão pelas artes de palco
Ricardo CarreiraO teatro que se faz na vila de Pontével, concelho do Cartaxo, vive da dedicação de pessoas conhecidas no meio. O Kaspiadas – Grupo Cénico da Casa do Povo de Pontével junta uma série de elementos, novos e mais velhos, que tiram tempo às famílias para subirem ao palco depois de um dia de trabalho.Perto da uma da manhã de domingo, após o final da peça “As árvores morrem de pé”, os actores descontraem. Bebem qualquer coisa, comem uma sandes ou um bolo. “São estes os prémios do teatro amador” conta Mário Júlio Reis, actor do elenco, professor do 1º ciclo e vereador da Câmara do Cartaxo. Depois de muitos anos a fazer teatro para crianças no TAC – Teatro Amador de Combate do Cartaxo, dedica-se ao Kaspiadas desde 2008. “O teatro tem muito valor por ser amador, por ser de amigos e feito para amigos. É isso que me faz sair de casa e me obriga a parar de pensar nos acordos de regularização de dívida e na legislação. É uma amante que me afasta de outros amores. E de vez em quando é preciso respirar ar puro”, conta quem diz estar na política por acidente e levar para a escola os truques e exercícios do teatro no ensino da leitura e na aprendizagem.Filomena Calisto despe o papel de avó na peça que acaba de protagonizar. Já não trabalha mas mantém uma vida social intensa. Foi deputada municipal do Cartaxo no anterior mandato, integrou o executivo da Junta de Pontével, além de fazer parte do rancho da freguesia e de colaborar com o centro de dia. “Não perdia as noites de teatro que davam na RTP e sempre gostei de ver e fazer teatro. Há 24 anos entrei para o grupo cénico, onde já estavam os meus irmãos. Quem vem ensaiar depois das dez da noite só pode gostar de teatro”, conta Filomena.É encenador do grupo há mais de uma década. Carlos Santos tem 48 anos e é supervisor na Companhia Logística de Combustível. “Faz parte desta condição de amador tirar tempo à família, que acaba por intervir sempre indirectamente para nos apoiar”, conta.Diz que o Kaspiadas é fruto da casmurrice do encenador e dos actores, mas já atingiu alguma projecção nacional. Com “A birra do morto” levou o grupo pelo país, durante três anos, e conquistou o prémio do público num festival em Gaia. “Com “As árvores morrem de pé” vamos tentar levar a peça pelo país, apesar do trabalho que é montar todo o cenário à nossa conta”, refere Carlos Santos. Na vila foi já criada uma espécie de escolinha de teatro. O “Kaspiadinhas” conta com cerca de 15 crianças, com idades entre os quatro e os 12 anos, os futuros amantes das artes de palco. O Kaspiadas é o nome adoptado pelo Grupo Cénico da Casa do Povo de Pontével em 2008, depois de criado em 1967. Aproveitou a existência do bolo tradicional de Pontével – caspiada – para representar a vila nos palcos nacionais.Unidos pelo teatroFoi o teatro que ajudou a unir Tiago Vintém e Daniela Campino, jovem casal do Kaspiadas que há um ano deu o nó. Tiago, de Casais Lagartos, tem 26 anos, é web designer em Lisboa. Daniela, de Pontével, tem 25 anos, trabalha como planeadora de meios de publicidade na Internet também na capital. Daniela entrou para o grupo há cerca de dez anos após pequenas experiências teatrais na escola e, anos mais tarde, “arrastou” o namorado para os palcos do teatro amador. “É muito cansativo vir ensaiar depois de um dia de trabalho mas ao mesmo tempo distraímo-nos muito com as pessoas do grupo”, refere Daniela Campino.Para Tiago Vintém a dedicação ao teatro amador vê-se na forma como são os próprios a montar cenários, tratar da parte eléctrica e dos sistemas mecanizados em palco. “Os profissionais ganham dinheiro e os amadores trabalham por amor à camisola”, refere. Por muito que gostem do teatro, os jovens actores não pensam na profissionalização. “Perderíamos a magia e realismo de fazer tudo o que está por detrás do pano de palco. E vem aí a itinerância, que é do que mais gostamos”, acrescenta Daniela.Kaspiadas encerrou Festével com casa quase cheiaO auditório do Sociedade Filarmónica Incrível Pontevelense quase encheu, na noite de sábado, durante a peça “As árvores morrem de pé”, protagonizada pelo Kaspiadas, no último fim-de-semana do VI Festével – Festival de Teatro de Amadores do Concelho do Cartaxo, que se desenrolou durante o mês de Maio, com o grupo anfitrião e grupos de teatro do país. De Alejandro Casona, “As árvores morrem de pé” é peça adaptada, dirigida e encenada por Carlos Santos. Conta a história de uma audição para novos actores integrarem uma companhia de teatro.
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