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Azambuja rendeu homenagem a Lúcio Perinhas

Azambuja rendeu homenagem a Lúcio Perinhas

Cerimónia de domingo voltou a encher praça do município

Os louros da Feira de Maio, que anualmente celebra o mérito especial de um campino, foram para Lúcio Perinhas, este ano a figura maior da festa de Azambuja.Dulce Mendes

A figura principal da Feira de Maio, a festa que animou Azambuja de 27 a 31 de Maio, foi este ano Lúcio Perinhas, por decisão do maioral real e da Comissão da Feira. Homem do dia consagrado ao campino, a quem foram dedicados rasgados elogios. Considerado um dos momentos mais altos do centenário evento, a cerimónia de homenagem, decorreu no domingo passado, ao início da manhã, na presença do Governador Civil de Lisboa, entre outras individualidades, e de um vistoso grupo de campinos. O evento teve lugar na Praça do Município, que, antes da largada de toiros, se encheu de gente e cheiro a cravos.Lúcio Perinhas, homem de 55 anos nascido no Porto Alto, concelho de Benavente, com um longo historial de dedicação à Feira de Maio, foi, excepção à regra, o centro de atenções do penúltimo dia da feira – simples e discreto, o campino passa quase despercebido numa corrida de toiros. Sem ele a festa não seria a mesma, mas o seu mundo é a lezíria, um mundo a que Perinhas se afeiçoou desde muito cedo. O campino começou a alimentar o “bichinho” do campo e dos toiros em tenra idade. Como lembrou o porta-voz da Comissão da Feira, Nuno Engrácio, a quem coube a apresentação do campino, dando início à cerimónia de homenagem, Perinhas, que deve ao mestre Joaquim Trancas quase tudo o que sabe, “adorava ver os campinos no maneio do gado bravo, não só a campo mas também quando passavam por dentro de vilas e cidades a caminho das corridas de toiros”. O suficiente para não tirar daí mais o sentido.Entrou aos 14 anos na Casa Prudêncio, um marco na sua existência. Cabia-lhe a função de acartar água com a ajuda de um burro, de que depressa viria a libertar-se. Teodoro Prudêncio, o patrão, gostou do trabalho do rapaz e promoveu-o, elevando-o à categoria de maioral dos poldros, lugar de onde foi mais tarde transferido para a cocheira, para desbastar e montar cavalos, sem que alguma dessas funções fosse do seu inteiro agrado. Perinhas queria realmente trabalhar com o gado bravo, pelo que não descansou enquanto não passou a maioral das vacas e, finalmente, a maioral dos toiros. Momento a partir do qual se contam muitos e bons anos inteiramente vividos na lezíria, mundo de “homens modestos e pouco dados a evidências”, como lembrou Nuno Engrácio.Fez esperas de toiros em Azambuja durante 25 anos, período que lhe traz as lágrimas aos olhos e durante o qual se registaram acontecimentos que, pelos seus contornos, importa recordar. Um deles remonta aos tempos em que montava o Maravilha. Certa vez um cabresto de Ruy Gonçalves voltou, inesperadamente, para trás, assustando as pessoas presentes na espera. Perinhas teve de ir “a cabo dele” e quando já o levava para as corraletas, nada fazendo prever surpresas, um homem atravessou-se de repente à frente do seu cavalo, do que resultou atropelamento. Um episódio que o campino gostaria de lembrar de uma outra forma, pois ainda nutre o desejo de encontrar o homem que atropelou. Gostaria, diz, de o abraçar, e nem sequer sabe de quem se trata.Entre as peripécias mais curiosas do campino, em que ganham especial relevo as demonstrações de valentia, figura uma história que remete para uma prova dos fardos. A luz falhou inexplicavelmente e Perinhas teve de fazer a prova de luzes apagadas, o que por ironia do destino viria a beneficiá-lo. A prova correu-lhe melhor do que o previsto. Melhor, aliás, do que algumas das provas realizadas com as luzes acesas, facto que deixou, notoriamente, o representante da Comissão da Feira de Maio encantado. O campino, ligado à herdade Prudêncio, é solteiro e pai de uma rapariga . Na cerimónia de homenagem o presidente da Câmara de Azambuja, Joaquim Ramos, lamentou o desaparecimento do campino António Carniça, em Agosto de 2009, mas não fez qualquer alusão à morte de um homem colhido por um toiro na largada de quinta-feira, primeiro dia da festa, e que era antigo funcionário da câmara.
Azambuja rendeu homenagem a Lúcio Perinhas

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