Lenço vermelho ao pescoço e chapéu de abas largas ao mais puro estilo cowboy. Licínio Nogueira, 42 anos, residente em Azambuja há 15 anos, montou o burro consciente das diferenças de personalidade que afastam o jumento do cavalo. “Ao burro dizemos-lhe para ele ir para a direita e ele vai para a esquerda”, diz com humor. Está habituado ao rigor da área da manutenção aeronáutica e talvez por isso tenha domesticado rapidamente o animal. E até garante que na última fase da prova o burro correu quase em piloto automático. A equipa “Tertúlia do Caneco” transpôs facilmente os fardos de palha, obstáculos do torneio a burro, que encheu na tarde de sexta-feira a Praça do Município, em Azambuja. A dificuldade surgiu na altura de encontrar uma bolacha no bebedouro cheio de farinha: “O meu colega foi muito colaborante e enfiou-me lá dentro a cara”. Manuel Lança, 41 anos, técnico de montagem de eólicas - que durante a prova puxou pela corda o jumento - junta-se à conversa com ar descomprometido. Em terra de toiros e cavalos o burro foi rei e a situação prestou-se a jogos de palavras. “Onde é que vais com o burro?”, gritava uma mulher. “Burros é o que aqui hoje não falta”, atirava outro popular. Sacas de serapilheira e mantas coloridas sobre as selas, quedas e tentativas escorregadias de montar o jumento. A burricada, novidade da Feira de Maio, é para continuar. Quem o garante é André Salema da Associação Cultural Poisada do Campino. Dos seis burros participantes cinco estavam preparados para integrar a prova e um extra foi trazido por uma tertúlia. “Prova de que aderem a estas brincadeiras populares”, reconhece André Salema. Depois da prova foi a vez de deixar entrar uma vitela para um mini-jogo da rosa com os burros. Espectáculo divertido para todas as idades. A animação regressa para o ano. Ana Santiago