Faltam profissionais qualificados para equipamentos sociais que vão nascer em Vila Franca de Xira
Área social vai continuar a crescer e trabalhadores especializados precisam-se
As profissões ligadas à geriatria serão actividades com saída no futuro. O presidente da Associação de Intervenção Sócio-Comunitária lembra que a área social no concelho de Vila Franca de Xira vai continuar a crescer. Vão nascer três unidades de cuidados continuados e as instituições têm dificuldade em encontrar gente qualificada para o sector.
As profissões ligadas ao apoio a idosos e acamados, como é o caso dos auxiliares de geriatria, serão actividades com futuro no concelho de Vila Franca de Xira. Quem o diz é o presidente da Associação de Intervenção Sócio-Comunitária (AISC), que congrega 22 das 28 Instituições Particulares de Solidariedade Social existentes no município. Manuel Martins lembra que o concelho de Vila Franca de Xira vai continuar a crescer na área social. Os investimentos previstos rondam os 12 milhões de euros e vão permitir criar 300 novos postos de trabalho. Além da Unidade de Cuidados Continuados da Associação para o Bem Estar Infantil, em Vila Franca de Xira, estão em marcha mais dois projectos semelhantes no concelho. O Instituto de Apoio à Comunidade tem um outro projecto de Unidade de Cuidados Continuados, tal como a Cebi para revitalizar o antigo Hospital da Flamenga, em Vialonga. As ofertas do mercado de trabalho não dão resposta às necessidades dos novos equipamentos. “Estamos a ter dificuldades para arranjar profissionais destas áreas” alerta Manuel Martins. O responsável disse a O MIRANTE que para tentar resolver a situação as instituições recorrem muitas vezes a uma empresa em Lisboa que dá formação na área.A rede do pré-escolar no concelho tem uma taxa de cobertura a rondar os 90 por cento, mas falta a concretização de equipamentos ligados aos seniores e dependentes. Nos próximos dez anos Manuel Martins estima que venham a ser criados mais oito lares no concelho. “Há um manancial de novas oportunidades nesta área”, alerta, lembrando as necessidades das pessoas não necessariamente idosas, mas afectadas por doenças como o Parkinson ou Alzheimer.Nas instituições deste tipo o rácio de funcionários é muito elevado, sublinha Manuel Martins o que implica maior número de funcionários a recrutar. A média é de 1,8 funcionários por cada utente. “Uma unidade que acolhe 30 pessoas chega a ter 43 funcionários”, exemplifica.Manuel Martins foi um dos intervenientes no seminário organizado pelo Centro de Novas Oportunidades da Escola Secundária Alves Redol, que decorreu na tarde de quarta-feira, 27 de Maio, no auditório da junta de Freguesia de Vila Franca de Xira, no painel dedicado ao tema da “Valorização da população activa no concelho de Vila Franca de Xira”. O responsável lembra que em tempos as instituições apareceram vocacionadas apenas para crianças, pessoas com deficiência e terceira idade, mas sublinha que essa realidade mudou. As instituições devem adaptar-se, requalificar quadros sob pena de terem que mandar trabalhadores para casa.As instituições de solidariedade social, os maiores empregados do concelho, movimentam na ordem dos 60 ou 70 milhões de euros por ano nas contas e têm nos seus quadros 2100 funcionários que prestam serviço a uma comunidade de 10 a 11 mil utentes. “Mesmo que só lá estivesse um ano gostava de entrar na universidade”No tempo em que deveria ter estudado, André dos Reis teve que ir trabalhar. Completou a quarta classe, mas os quatro anos de formação revelaram-se insuficiente para quem queria mais. Está agora à beira de conseguir o diploma do 12º ano por via das Novas Oportunidades. Mas as suas perspectivas não ficam por aqui. “Mesmo que só lá estivesse um ano gostava de entrar na universidade”, revelou André dos Reis, 65 anos, varredor de profissão, residente em Vila Franca de Xira, perante a plateia que assistiu a um seminário organizado pelo centro de Novas Oportunidades da Escola Secundária Alves Redol.No caso de Filomena Franco, 34 anos, residente em Cabanas de Torres, Alenquer, foram as barreiras arquitectónicas que encontrou em várias escolas que lhe roubaram a possibilidade de seguir estudos.A atleta de alta competição, que se desloca com a ajuda de uma cadeira de rodas, chegou a contar com a ajuda de uma amigo para ir estudar. “Acho que desistiu por ter que me levar ao colo pelas escadas”, disse com humor a partilhar a sua experiência. Habituada a ver fechar-se muitas portas à sua frente Filomena Franco admite com emoção que a oportunidade de adquirir mais formação na Escola Secundária Alves Redol foi uma grande janela que se lhe abriu. “Mais uma vez na minha vida tive a possibilidade de conhecer pessoas magníficas”, testemunhou.Mora em Alenquer, tem que percorrer 40 quilómetros por dia para frequentar a escola, mas nem estas dificuldades demovem quem está habituada a superior muitos outros obstáculos.
Mais Notícias
A carregar...