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Celina Bacelo 42 anos, empregada de balcão, Castanheira do Ribatejo

“Para uma pessoa conseguir viver com o ordenado mínimo é preciso que tenha a felicidade de não pagar renda de casa e não ser doente. Os medicamentos estão pela hora da morte. Uma pessoa que tenha um filho, mãe separada ou mãe solteira, por exemplo, como é que paga uma renda de casa de 350 euros, a mais barata nesta zona? Com o ordenado mínimo o que fica? Como é que consegue pagar alimentação, água e luz e sustentar um filho? Não consegue!”

Costuma viajar?Não. Nos últimos 12 anos saí de Portugal apenas para ir a Espanha. Fiquei em casa de uma amiga e só gastei o combustível. De outra forma não dá. Este ano, como o meu marido arranjou uma promoção, que conseguimos conciliar com as férias e com o dinheiro de que dispunhamos, vou aos Açores. Sou açoriana. Sai mais caro viajar para os Açores ou a Madeira do que viajar para França ou Espanha, o que é lamentável porque não beneficia o turismo das ilhas.A vida está muito cara?Eu tenho ideia que isto está muito mau. Estou no continente há 15 anos e quando vim podia dizer que se ganhava bem. Trabalhava muito, como acontece actualmente, mas ganhava o mesmo que hoje, o que significa que ganhava mais. Consegui comprar casa, carro e montar a minha vida. Hoje em dia dá para pouco mais do que manter as contas em dia. Ir ao cinema, por exemplo, é caríssimo, não dá.Procura os melhores preços?Estou sempre em cima das promoções. Eu só faço compras no hipermercado, semanalmente. Já não sei fazer compras na mercearia, como antigamente. Geralmente faço uma lista e quando isso não acontece levo tudo na cabeça. O ordenado mínimo nacional dá para viver?Não. Para uma pessoa conseguir viver com o ordenado mínimo é preciso que tenha a felicidade de não pagar renda de casa e não ser doente. Os medicamentos estão pela hora da morte. Uma pessoa que tenha um filho, mãe separada ou mãe solteira, por exemplo, como é que paga uma renda de casa de 350 euros, a mais barata nesta zona? Com o ordenado mínimo o que fica? Como é que consegue pagar alimentação, água e luz e sustentar um filho? Não consegue!Preocupa-a o desemprego?Acho que vivemos uma situação péssima a esse nível. Há falta de emprego, há falta de responsabilidade no cumprimento das obrigações por parte de quem emprega, ainda há escravatura, mas também há aquelas pessoas que têm a felicidade de arranjar trabalho mas não lhe dão o devido valor.O que é para si uma vida de sonho?Eu nunca sonhei muito alto. Gostaria de continuar a ter saúde, trabalho – sempre gostei de trabalhar – as minhas continhas em dia, de ir vivendo. Nunca desejei ser rica. Desde que as coisas não piorem, posso dar-me por feliz.Gosta de se arranjar?Não sou muito vaidosa. Sou, como dizem os antigos, do género “pobre mas limpa”. Gosto de roupa simples, embora, é claro, quando há uma ocasião especial goste de me arranjar minimamente bem.Vai passar cartão ao Mundial de futebol?Vou ver e vou torcer por Portugal. Acho que desta vez a sorte vai estar do nosso lado. Embora não se deva criar muitas expectativas – não é bom deitar foguetes antes da festa.

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