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Opinião - Arritmia – o ente desconhecido

Opinião - Arritmia – o ente desconhecido

O coração comanda a vida, os nossos sentimentos, as nossas alegrias e tristezas. Poderá ser o prenunciador de um desassossego (palpitações) ou de morte súbita. Importa diferenciar as anormalidades do ritmo cardíaco, as ditas arritmias se queremos ter qualidade de vida ou evitar um desfecho fatal. Uma arritmia é uma anormalidade do ritmo cardíaco. Se a frequência cardíaca for lenta teremos uma bradiarritmia. Se a frequência cardíaca for muito rápida (> 100 batimentos por mn) será uma taquicardia que até poderá ser fisiológica mas também poderá ser maligna. Se houver uma falha ou prolongamento no estímulo eléctrico do coração então teremos um bloqueio. Todas estas situações podem levar ao sofrimento de órgãos como o cérebro, o rim ou os pulmões. Importa diferenciar o que é normal e o que é patológico. A fibrilhação auricular é a arritmia mais prevalente em Portugal, afectando cerca de 120.000 pessoas em Portugal. Esta não poderá ser neglicenciada dado ser causa directa de grande parte dos acidentes vasculares cerebrais. Está provado que a anticoagulação oral poderá reduzir em 50% esta terrível situação que tem impacto em termos de qualidade de vida, no número de reformas antecipadas e no agravamento da segurança social. No entanto nem sempre o diagnóstico está feito e nos que sabem ter esta arritmia só 50% estão adequadamente tratados. A morte súbita em Portugal é responsável por 10.000 mortes por ano. Em cerca de 90% dos casos a causa será uma arritmia. A desfibrilhação cardíaca será a única maneira de abortar esta morte. A presença de desfibrilhadores semiautomáticos externos (DAE) em locais públicos é ainda uma miragem e um sinal do nosso atraso cultural. Falta introduzir legislação que obrigue à presença de DAEs nos locais de elevada concentração populacional (ginásios, recintos desportivos, casas de espectáculos, etc) . Aos reanimados de morte súbita e ainda aqueles que tem o diagnósticos de arritmias potencialmente malignas (taquiarritmias ou bradiarritmias), temos dispositivos (pacemakers e cardioversores desfibrilhadores implantáveis), que permitem salvar vidas e dar uma esperança que não seria possível de outra maneira.Assim é importante conhecer o seu ritmo cardíaco. Os médicos têm o seu papel no aconselhamento e no diagnóstico. Assim se suspeitar que tem arritmia ou se tiver história familiar de morte súbita em idades jovens consulte um cardiologista. A medicina tem que ser obrigatoriamente preventiva. O papel de cada um de nós passa pelo conhecimento de situações clínicas para as quais deve estar alerta de modo a que possa informar o seu médico, para que este possa actuar rapidamente. Movimentos Nacionais como a Campanha “Bate Bate Coração” (www.batebatecoracao.com) e “Salve o seu coração, não o deixe adormecer” (www.mortesubita.com.pt) na qual tenho tido a honra de participar, servem para melhorar o nosso conhecimento e a nossa cultura mas também são um sinal do nosso desenvolvimento.A Clínica do Coração Santarém é um projecto ambicioso em que a competência e a confiança transmitida aos seus frequentadores talvez permita melhorar a consciência da alma ribatejana em relação à problemática cardiovascular. Por isso, lembre-se que a saúde do seu coração deve ser preservada. Sabendo que apenas um trabalho de equipa permite um bom resultado e que a equipa somos todos nós, teremos que ter a consciência que todos somos importantes para este desiderato.Vítor Paulo Baltasar MartinsCardiologista e Arritmologista - Clínica do Coração Santarém
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