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TGV e novo aeroporto - Fazer ou adiar?

Duas grandes obras que têm repercussões directas na região, o aeroporto de Alcochete e o comboio de alta velocidade (TGV) continuam na órbita da discussão pública. Aproveitando a cerimónia de entrega do Galardão Empresa do Ano, O MIRANTE registou as opiniões de algumas personalidades presentes sobre o que fazer.

José Amendoeira, Director da Escola Superior de Saúde de Santarém (ESSS), “Em relação a essas obras os indicadores que temos, no que diz respeito ao desenvolvimento, vão no sentido de se avançar. Essa é a minha perspectiva. No entanto, tendo em consideração o estado actual da economia e não sendo conhecida a verdadeira dimensão do investimento a fazer e das repercussões que isso terá em relação à economia portuguesa, penso que deve haver alguma moderação. Não se deve adiar nem desistir. Mas antes perceber melhor todo o contexto. Diariamente, a nível europeu, surgem dados novos relativamente à situação económica e financeira que são preocupantes. Penso que não se devem tomar decisões de fundo sem atender a esses indicadores. Deve haver um hiato de tempo para análise e maturação e o bom senso deve imperar nesse sentido”.Frederico Roque, Administrador da empresa Roques Vale do Tejo“Acho que as obras já foram pensadas e repensadas. Os investimentos são de extrema importância para o desenvolvimento, nomeadamente do Ribatejo que é a nossa região. No entanto, dada a grande crise que o país está a atravessar, penso que os projectos não devem ser de todo abandonados, mas, neste momento, devem ser postos na primeira gaveta da secretária e esperar que dentro de dois a três anos se as coisas melhorarem – acredito que sim – possamos então voltar a esses investimentos e a falar neles. Era uma pouca-vergonha para o que se está a passar e para os sacrifícios que estão a ser pedidos à população, avançar com estas obras neste momento. Penso que isso é completamente descabido Há outras coisas prioritárias”.Catarina Campos, Delegada Regional de Lisboa e Vale do Tejo do IEFP“O meu ponto de vista – que coincide com aquele que é também o do Governo – há projectos que, mesmo neste cenário de crise, terão efectivamente condições para andar mas outros serão suspensos. É óbvio que isso poderá ter impactos ao nível da região, nomeadamente a criação de emprego, caso estes projectos avançassem. Mas com a crise que temos neste momento é altura de reflectir e de ver até que ponto é que fará sentido ou não realiza-los. O aeroporto, segundo sei, vai ficar suspenso durante algum tempo. No caso do TGV temos algumas posições na Europa. Neste momento, Portugal, Espanha e França estão empenhados em que a União Europeia avance com o TGV e o considere prioritário. São projectos importantes para o país e para a região de Santarém. Avançarão certamente quando for o timing certo”.Mira Amaral, ex-Ministro da Indústria a e Energia“Só quem não tenha a mínima consciência da situação do país é que pode pensar que há dinheiro para avançar com essas obras imediatamente. Portugal mal tem dinheiro para financiar as PMEs. Não ponho em causa que o novo aeroporto faz sentido e será construído. Mas não agora. Quanto ao TGV o problema tem sido muito mal explicado à opinião pública pela classe política, se calhar, por incompetência. A grande questão para a nossa competitividade é o transporte de mercadorias. Precisamos de ter uma nova rede ferroviária de transportes de mercadorias em bitola europeia, que possa transportar passageiros e mercadorias em alta velocidade. Só assim é que podemos levar rapidamente mercadorias para a Europa e trazer as matérias-primas que precisamos. Não é pelo facto de levarmos pessoas com o TGV a 200 km hora que resolvemos os nossos problemas de competitividade”.Rocha de Matos, Presidente da Associação Industrial Portuguesa (AIP)“Considero que o novo aeroporto e o TGV são obras estruturais, importantes e de grande valia para o país, que serão feitas mais dia, menos dia. Agora devemos ter a noção que a conjuntura económica e financeira neste momento não é a mais adequada. De modo que eu diria que se houver um adiar dessas obras seria de grande prudência, uma vez que o país deverá dar prioridade a outro tipo de investimentos e realizações, que possam mais rapidamente criar postos de trabalho e absorver toda uma série de desempregados que existem e criar melhores condições para a competitividade do país”.Moita Flores, Presidente da Câmara de Santarém“Devemos parar para pensar. Sendo certo que a crise que aí está é demasiado grave e julgo que a maioria da população ainda não se apercebeu o que está em cima da gente. Mas confesso que algumas obras – nomeadamente a construção do novo aeroporto de Alcochete, que é um investimento reprodutivo e estratégico – o seu adiamento deveria ser pensado de uma forma mais serena. Tenho pena que o aeroporto tenha sido parado e deve avançar quando houver condições. Vamos ver se isto melhora. Quanto ao TGV conheço mal o problema e isso são outro tipo de investimentos. Estou a falar de investimentos reprodutivos que são essenciais para o país”.José Eduardo Carvalho, Presidente da Nersant - Associação Empresarial da Região de Santarém “Acho que a situação económica do país está dar resposta a isso. Essas grandes obras têm de ser repensadas. Há a necessidade de reflectir o peso que esses investimentos irão ter no défice. Penso que, dadas as circunstâncias, tudo tem de ser repensado neste momento. Não tenho dúvidas nenhumas sobre isso. Defendo que não se deve fechar totalmente as portas aos investimentos, mas antes esperar pelo momento certo para avançar com os mesmos”.Anabela Frazão, membro da GARVAL“Essas grandes obras não deviam ser feitas, pelo menos nesta altura. Pese embora serem importantes, ou possam vir a ser importantes no futuro, penso que neste momento não é oportuno lança-las. Na minha opinião, acho que nesta fase deviam ser adiadas e aguardar-se por uma altura melhor para se avançar com esses investimentos”.

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