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Um trabalho que tem como local a casa dos outros

Um trabalho que tem como local a casa dos outros

Natércia Ferreira é demonstradora da Tupperware nas zonas de Ourém e Fátima

Afirma adorar esse trabalho, que mantém em conjunto com o emprego numa grande superfície de artigos religiosos e decorativos.

“Obrigada por me ter recebido em sua casa”. Esta é a frase mais comum que acompanha os cartões dos presentes que as demonstradoras da Tupperware oferecem às suas “hospedeiras”, pessoas que aceitam fazer uma reunião para demonstração destes produtos para cozinha em suas casas. Natércia Cristina Ferreira, 43 anos, a viver em Ourém, entrou no mundo das demonstrações há cerca de quatro anos. Afirma adorar este trabalho, que mantém em conjunto com o emprego numa grande superfície de artigos religiosos e decorativos, em Fátima. O grande incentivo, recorda, partiu da filha.Natércia Ferreira estava no 11º ano quando começou a trabalhar na loja onde se encontra actualmente, tendo deixado então os estudos. Como tinha formação na Aliança Francesa ponderou a hipótese de dar aulas, mas com o tempo foi gostando do trabalho e deixou-se ficar pelo local.“A primeira vez que me convidaram para ser demonstradora da Tupperware não aceitei, porque tinha as filhas pequenas”, recorda. Mais tarde, aceitou receber uma demonstradora em sua casa e fazer uma reunião, tendo sido novamente convidada. Tornou a recusar a oferta, no entanto uma das filhas começou a incentivá-la a experimentar. “Entrei por curiosidade”. Os produtos desta marca para o lar já eram seus conhecidos desde solteira, mas com o tempo foi-se apercebendo de todas as suas funções e de como utilizá-los. “Entrei como demonstradora em 2006, formei grupo três meses depois e este ano propuseram-me formar «Team Leader»”. Ou seja, ser chefe de cinco grupos. “Estou agora a experimentar”, refere, comentando que subiu o mais alto que pretendia no esquema das demonstradoras de Tupperware.Todas as demonstradoras estão filiadas a uma assembleia distrital e trabalham por objectivos (montantes de vendas). Respondem directamente por um grupo, que possui uma líder. À medida que se vai subindo na hierarquia tem-se direito a mais prémios, mais oportunidades (como, por exemplo, viagens), mas os objectivos finais vão subindo. Natércia Cristina Ferreira faz reuniões sobretudo na zona de Ourém e Fátima, mas já chegou a ter uma marcação em Vieira, distrito de Leiria. No princípio, recorda, “foi fácil fazer reuniões porque as minhas colegas da loja ajudaram-me bastante”. “No primeiro ano as demonstrações foram sobretudo para gente amiga”. Com o tempo e os conhecimentos o leque de contactos foi aumentando, nas reuniões conhecia e convidava pessoas desconhecidas para uma outra reunião e hoje já tem maior mobilidade. Conseguir ou não marcar estas sessões em casa de pessoas que se desconhece “é muito relativo”, destaca. “Umas desculpam-se com os maridos, com a falta de tempo, mas por vezes também depende das zonas”. “Temos que ser persistentes e argumentar um pouco”, nota. Em tempo de crise, reflecte, o produto Tuppeware tem as suas vantagens, uma vez que as pessoas passam a cozinhar mais em casa. “Se conseguirmos transmitir às pessoas que ao marcar podem ganhar um prémio, sem ser necessário comprar, sendo assim boas hospedeiras e ajudando a fazer contactos”, está-se no bom caminho para uma reunião. Na casa da pessoa que a recebe combina o tema da reunião (que tipo de produtos deve apresentar), que receita pode fazer e como tirar o maior partido dos utensílios. Novas amizades, uma empresa que agradece o esforço e uma distracção para o seu dia-a-dia são os seus maiores ganhos enquanto demonstradora. De modo a não descurar a casa e a família, procura não marcar mais de duas a três reuniões por semana. No momento de recrutar novas demonstradoras, tenta fazê-las ver as mesmas vantagens, os prémios e a possibilidade de arranjar mais algum dinheiro.Em quatro anos de trabalho nesta área já encontrou todo o tipo de reacções e algumas pequenas histórias. Há um grupo de pessoas que não suportam ouvir falar em Tupperware e preferem comprar produtos mais baratos. Por outro lado, há aqueles que gostam bastante e estão sempre a par das novidades, assim como um núcleo mais jovem do mercado que vê nos produtos uma forma de poupar tempo. Uma vez, recorda, chegou a pensar que o marido de uma hospedeira lhe fosse “bater”, de tão mal que a recebeu. “Fiz maçã assada no microondas e fui-lhe levar uma. Ele riu-se”.Refere nunca ter pensado em sair, gostando de manter as suas duas profissões. “Isto é viciante, torna-se uma rotina”, esclarece. “Gosto muito disto, é uma coisa que faço por gosto e nem sempre penso se vou ou não ganhar”.
Um trabalho que tem como local a casa dos outros

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