Festa clandestina na antiga fábrica de Porto de Cavaleiros acaba em tragédia
Jovem acabou por falecer na sequência de uma queda de nove metros de altura
Não terá sido a primeira vez que se organizavam festas clandestinas nas instalações devolutas da antiga fábrica de papel.
Uma jovem de 18 anos morreu na madrugada de sábado, 19 de Junho, na sequência de uma queda de nove metros de altura, ocorrida nas antigas instalações da antiga fábrica de papel Porto de Cavaleiros, Tomar. Ângela Vieira era natural de Monte dos Vendavais, concelho de Estremoz, e encontrava-se a estudar no Instituto Politécnico de Tomar (IPT). Depois do corpo ter sido autopsiado nos serviços de medicina legal de Tomar, o funeral realizou-se na manhã de terça-feira, na sua terra natal. A constatar pelo número de cartazes encontrados no “Myspace”, na Internet, não era a primeira vez que se organizavam festas clandestinas nas instalações devolutas e bastante degradadas instalações da antiga fábrica de papel, a meia dúzia de quilómetros de Tomar. Na noite de sexta-feira, 18 de Junho, um grupo alargado de jovens, provenientes de vários pontos do país, encontrava-se a participar numa festa trance-metal, designada “O Degredo volta ao Atack”, organizada por um grupo auto-intitulado Selvajaria Fabril, que decorreu pela madrugada dentro. A “pista de dança” decorria numa zona ampla do espaço fabril com diversas janelas rectangulares que davam acesso directo ao telhado de outra divisão sem quaisquer resguardos. Numa destas janelas faltava parte do telhado. Em circunstâncias que se desconhecem, a jovem caiu de uma altura de nove metros, ficando prostrada no chão da divisão inferior. O alerta da tragédia foi dado perto das seis horas da madrugada, tendo-se deslocado para o local a ambulância do INEM e a Viatura Médica de Emergência e Reanimação (VMER) de Abrantes. Dada a gravidade dos ferimentos foi mobilizado um helicóptero do INEM para o local mas que acabou por não aterrar porque não havia condições. A jovem acabou por ser transportada de ambulância para o Hospital de Tomar mas não resistiu aos ferimentos. Na tarde de sábado, cerca de uma dezena de jovens ainda se encontravam no local a arrumar as suas coisas, mas nenhum quis prestar declarações à reportagem de O MIRANTE nem se deixou fotografar, criando um ambiente hostil. Fechada desde 2000, a Fábrica “Porto de Cavaleiros” foi, em tempos, uma das principais impulsionadoras da economia do concelho de Tomar mas acabaria por falir deixando milhões de euros em dívidas. Em Maio de 2007, a Caixa Geral de Depósitos, principal credora, comprou todas as instalações fabris e área envolvente por 462 mil euros, seguindo-se a venda judicial de outros terrenos. No entanto a fábrica nunca foi reactivada e resume-se agora a um aglomerado de casas e pavilhões degradados e votados ao abandono. A erva cresce por todo o lado, os fios eléctricos foram arrancados das paredes e os portões encontram-se abertos. Segundo apurado, as instalações são frequentemente alvo de ocupação, uma situação que, no entanto, ainda não estava sinalizada pelas autoridades.
Mais Notícias
A carregar...