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Farfalhudo Manuel Serra d’Aire

Ainda estou atordoado das comemorações do Dia Nacional do Vinho, que fiz questão de celebrar no domingo emborcando umas boas garrafas de tinto cá da zona à saúde do nosso amigo Arruda dos vinhos e de outros patronos da causa como o autarca do Cartaxo Paulo Caldas. Só não percebo qual a necessidade de um dia nacional do vinho? Como se o néctar dos deuses necessitasse dessas mariquices promocionais? Essa coisa dos dias nacionais, mundiais e internacionais devia ser destinada a coisas caídas no esquecimento ou em desuso. Percebe-se um dia universal da leitura, um dia europeu do casamento heterossexual, um dia mundial do pagamento das contas, um dia nacional dos condutores que fazem pisca e por aí fora. Agora Dia Nacional do Vinho?! É como o Dia Mundial do Não Fumador? E se insistem nessas celebrações, porque não existem também o Dia Mundial do Fumador ou o Dia Nacional da Imperial com Tremoços? E onde estão os activistas anti-discriminação? Perplexidade maior só mesmo a que me causaram os comunistas da Assembleia Municipal da Chamusca que se abstiveram num voto de pesar proposto pelo Bloco de Esquerda pela morte do seu camarada José Saramago. Ou, pior ainda, por não se terem sequer dado ao trabalho de apresentar uma proposta nesse sentido em homenagem ao falecido. Se o escritor adivinhasse o que se ia passar após a sua morte, em vez de ter dado de frosques para Lanzarote por causa do monárquico cavaquista Sousa Lara tinha-se exilado nas Ilhas Salomão, que ficam bem mais longe.Fosse noutros tempos e os comunistas da Chamusca já estavam a picar gelo na Sibéria. Mas isso era quando o PCP era um partido a sério. Hoje a lei da concorrência obriga a fazer estas tristes figuras. E como a proposta era do rival Bloco de Esquerda nada de dar trunfos políticos ao inimigo, votando favoravelmente uma sua proposta. E Saramago lá foi chumbado, depois de já ter sido cremado. É a vida! - diria o ilustre político Guterres que também deu aos calcantes enquanto teve tempo.No meio disso tudo, prefiro a franqueza dos socialistas da Chamusca que se manifestaram contra o voto de pesar e a atribuição do nome de Saramago a uma rua da vila alegando que há muitos chamusquenses que também o merecem e não o têm. Começando pelo ilustre eleito que tal argumentação produziu. Quem tem esta visão universalista do mundo, estes horizontes largos e esta abertura de espírito não merece apenas o nome numa rua, merece pelo menos uma estátua.Já as justificações dadas pela autarca do PSD Aurelina Rufino foram mais prosaicas e justificáveis na linha da tese que diz de que de Espanha nem bons ventos nem bons casamentos. A eleita descobriu que “José Saramago defendeu a União Ibérica, que colocava em causa Portugal” e, qual padeira de Aljubarrota dos tempos modernos, deu uma pázada no voto de pesar. Ah leoa!!!Um bacalhau com todos do Serafim das Neves

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