O presidente da Federação Distrital de Santarém do Partido Socialista, Paulo Fonseca, afirma que a desfiliação do presidente da Câmara do Cartaxo, Paulo Caldas, é uma “grande perda para o partido”, mas garante que nada se pode fazer quando as pessoas são livres de actuarem da forma que entendem.Em reacção à entrega do cartão de militante de Caldas e da sua mulher, Lucília Catarina Caldas, consumada a 1 de Junho mas só agora conhecida, Paulo Fonseca diz entender a atitude do autarca apesar de não ter pedido “explicitamente” a sua desvinculação do partido.Na carta dirigida ao presidente da distrital do PS, Paulo Caldas remete a entrega do seu cartão de militante e do da sua mulher, acompanhado da frase “para os devidos efeitos”. A O MIRANTE, o autarca já esclareceu que com a entrega dos cartões, tanto o próprio como a mulher “abdicam em consciência pessoal e política da militância do PS”. Paulo Fonseca diz que preferia que esta situação não tivesse acontecido e entende que nada terá a ver com divergências de Caldas com a estrutura distrital do partido, da qual fazia parte mas onde não aparecia há algum tempo. Admite ainda que a decisão do autarca do Cartaxo possa estar relacionada com questões ligadas à política local e à concelhia do Cartaxo, que é presidida por Pedro Ribeiro, com quem Paulo Caldas se incompatibilizou politicamente há alguns anos. Paulo Fonseca diz que aquando das buscas da Polícia Judiciária à casa do autarca, na sequência das quais lhe foi apreendida uma pistola ilegal, tentou falar com o camarada e que este nunca atendeu o telefone. Acrescenta ainda que agora também já lhe ligou várias vezes e mandou mensagens via telemóvel, mas que até agora não obteve qualquer resposta. “Tenho esperança de vir a conseguir falar com ele para esclarecermos as coisas”.“Mantenho a mesma dedicação à câmara como há dez anos”O presidente da Câmara do Cartaxo dá como definitiva a sua desfiliação. O autarca e ex-presidente da concelhia do Cartaxo do PS, que se demitiu desse cargo e do cargo que ocupava na comissão política distrital em Agosto de 2009, apenas diz que “sabendo o que sei, não vou dar mais qualquer outra informação”.Caldas admite que a sua desvinculação do PS tenha a ver com tudo o que tem girado em seu torno, desde as tomadas de posição políticas da nova direcção do PS Cartaxo, presidida por Pedro Ribeiro, aos casos em que se viu envolvido no final de Maio, quando se ficou a saber que vai a julgamento por peculato de uso e por denegação de justiça, ou a outro caso de tribunal em que se viu condenado a uma multa por posse ilegal de arma.Quanto a consequências dos seus actos dentro do PS, Paulo Caldas afirma que continua um socialista de princípios e diz não acreditar que o PS tome qualquer atitude enquanto presidente de câmara que foi eleito pelo partido. “Mantenho a mesma dedicação à câmara como há dez anos”, acrescenta.Para o presidente da Concelhia PS do Cartaxo, é prematuro fazer comentários sobre as razões que terão levado Caldas a entregar o cartão de militante e prefere esperar por esclarecimentos do próprio, que diz ter tentado contactar, sem efeito. “Não deve haver qualquer alteração no quadro autárquico, uma vez que 80 por cento da constituição das listas é ocupada por independentes”, opina Pedro Ribeiro.