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31 anos do jornal o Mirante
Carlos Gonçalves

Carlos Gonçalves

39 anos, homeopata, Azambuja
Nasci no Alentejo, mas fui ainda pequeno para Vila Franca de Xira. Foi lá que cresci. Depois conheci a minha esposa. Achámos que Azambuja seria um bom lugar para viver. Levanto-me todos os dias às sete da manhã. Chego ao escritório e oriento o trabalho da escola de homeopatia. Além das consultas que dou sou também reitor do British Institute of Homeopathy em Portugal. Tenho muitos alunos a meu cargo e alguns professores. À tarde dedico-me às consultas. Ao fim da tarde à família. Este ano decidi estar mais próximo dos meus filhos. O mais velho tem sete anos. O mais novo quatro. Vou levá-los e buscá-los à escola. Acompanho-os nas actividades de música e desporto. O meu filho mais velho quis entrar no Karate e eu também fui para estar mais perto. O ano passado fiquei distante deles por excesso de trabalho. Dou aulas ao fim de semana em Lisboa, Porto e Coimbra. Todos os meus domingos estão ocupados.Viajo sempre de carro. Adoro conduzir. É o meio de transporte que me permite chegar mais cedo a casa. Nas viagens que faço muitas vezes vou a preparar as aulas. Quando vou para Porto desligo o rádio e vou a pensar na melhor maneira de chegar aos alunos. O sábado é um dia sagrado. Faço questão de não ir à Internet e não responder a e-mails. A partir de domingo a caixa de e-mail começa a ficar sobrecarregada. Como estou sempre fora de casa, nos tempos livres prefiro ficar por casa. Nesta época do ano também gostamos de ir à praia. Adoro cozinhar. Gosto de fazer grelhados. Tenho uma queda para os refogados. Faço uns temperos especiais. Saladas também. Tanto quanto possível vou partilhando com a minha esposa as tarefas domésticas. Limpo o pó, aspiro, rego as plantas.Almoço sempre por Azambuja. Até chegar ao restaurante vou vendo pessoas e falando com elas. Conheço Azambuja há mais de 20 anos. Quando tinha 15 anos fui músico da banda da terra. Azambuja era então uma aldeia. É uma vila que tem evoluído muito.Seguir o coração. É para mim o que faz mais sentido. Sei que hoje em dia é difícil. Falta de trabalho. Excesso de trabalho. Não dá muitas vezes para seguirmos o coração, mas se conseguirmos pôr isso em prática conseguimos ser felizes e fazer felizes os outros.Sou uma pessoa muito sentimental. Muitas vezes estou a ouvir os pacientes e faço um esforço tremendo para não chorar. Deixo-me comover facilmente. Tento dar-lhes força, energia, transmitir-lhes qualquer coisa. Quase todos os dias vou para casa a pensar nas pessoas. Vivo muito as coisas. Cada pessoa entra-me no coração. Muitos dos meus pacientes são pessoas com cancro. Quando melhoram isso satisfaz-me. Gostaria de poder dedicar-me só a isso. No Instituto de Homeopatia de Azambuja tratamos a pessoa no seu todo.Estou a tentar voltar à música em part-time. Não é fácil. Vou pôr a leitura em dia no Verão. Consegui ganhar inspiração e força de vontade para voltar a ler. Homeopatia. Livros técnicos. Uma vida não chega para aprender. Há sempre novas descobertas, novas escolas, novos métodos. Quem está apaixonado pela homeopatia tenta perceber tudo. Já fui músico profissional. Durante vinte anos toquei trombone. Estive em vários programas de televisão com o Herman José, com o Marco Paulo e em festivais da canção. Integrei muitas orquestras sinfónicas e bandas filarmónicas em todo o país. Liguei-me à homeopatia por acaso. O meu filho em bebé tinha muitas alergias. Fomos a um homeopata. Fiquei apaixonado pela consulta. E naquela fase não estava muito satisfeito com a música. Procurei as melhores escolas e tive a sorte de ter tido como professor pessoal um ex-médico da Rainha de Inglaterra, Trevor Cook.Sou um grande adepto do Benfica. Mas não sou faccioso. Gosto de ver jogos com sportinguistas, por exemplo. Sofro um pouco com o futebol, confesso. O desporto que pratico é karate. A modalidade ajudou-me fisicamente, mas também psicologicamente. Nos dias em que tenho karate deixo tudo para trás. Isso faz muita falta às pessoas. Abstrairmo-nos dos problemas do dia a dia. Ana Santiago
Carlos Gonçalves

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