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Chamusca recorda a República desde antes da sua implantação

Chamusca recorda a República desde antes da sua implantação

Último rei de Portugal visitou o concelho para inaugurar a ponte

Em cem anos a Chamusca só foi visitada por um Presidente da República. Uma visita de surpresa feita por Jorge Sampaio que se apresentou sem escolta nem comitiva.

A perseguição à igreja católica durante os primeiros anos da I República também se fez sentir no concelho da Chamusca. A Igreja do Pinheiro Grande foi incendiada e um popular foi morto a tiro na sequência de uma tentativa de fazer sair a tradicional Procissão dos Fogaréus na Sexta-feira Santa de 1912. Estes dois episódios são lembrados, através de objectos, documentos, fotografias e recortes de jornais, expostos no Centro Regional de Artesanato da Chamusca, edifício fronteiro à câmara, no âmbito da exposição “O fim da monarquia, a república, a ditadura e a democracia”, que ali vai permanecer até 31 de Outubro, no âmbito das celebrações do centenário da implantação da República em Portugal.Afonso Costa, um dos políticos mais importantes da República, tem duas fotografias suas, de grandes dimensões na exposição. Uma delas, colocada numa moldura de gosto popular pintada com o verde e o vermelho da República, esteve até há alguns anos exposta numa taberna de Ponte de Sôr, tendo sido oferecida ao presidente da câmara da Chamusca, Sérgio Carrinho, pela filha do proprietário, após a sua morte.Conhecido primeiro como “mata-frades” devido às iniciativas legislativas de separação da Igreja e do Estado e mais tarde por “racha-sindicalistas” quando o regime entrou em conflito com as organizações operárias, foram as decisões de Afonso Costa que conduziram à proibição da Procissão dos Fogaréus, que ainda hoje se realiza na Chamusca, organizada pela Misericórdia Local.A procissão esteve proibida até 1928, com um pequeno interregno entre 1919 e 1921. O incidente de 1912 em que morreu um cidadão identificado como “Francisco Mau Cabelo” deu-se após algumas pessoas terem assaltado a sacristia para fazer sair a procissão. Um outro episódio relacionado com a procissão ocorreu já depois do 25 de Abril, numa altura em que a Misericórdia tinha sido ocupada. Activistas de partidos de esquerda, a maioria dos quais não católicos, envergaram as opas usadas pelos elementos da Mesa da Misericórdia e transportaram as alfaias católicas para que a procissão se realizasse.Na exposição está uma imagem de um Jesus Cristo, em criança, feita em madeira que se diz ter sido a única imagem salva da igreja do Pinheiro Grande quando a mesma foi incendiada, também em 1912. Ficou até aos anos 90 na posse de uma particular e todos os anos, pelo Natal, era utilizada na Missa do Galo, sendo beijada pelos fiéis. As visitas do Rei D. Manuel II e do Presidente Jorge SampaioO último rei de Portugal, D. Manuel II, visitou a Chamusca, um ano antes da implantação da República. Foi a 19 de Dezembro de 1909 e o motivo foi a inauguração da ponte da Chamusca. A assinatura do Monarca consta do livro de honra do município, que pode ser visto na exposição e que deixou de ser utilizado em 1958.A ponte da Chamusca, que tem o nome de um ilustre do concelho que muito batalhou por ele, José Joaquim Isidro dos Reis, foi a segunda travessia sobre o Tejo a ser construída em território nacional. Na altura só existia a ponte D. Luís I em Santarém, embora em 1889 já tivesse sido apresentado ao governo português, um projecto de uma ponte, na zona onde acabaria por ser feita a Ponte 25 de Abril, da autoria de E.Bartissol et T. Seyrig. (Também em exposição na Chamusca) A única visita de um Presidente da República ao concelho aconteceu de forma inesperada em 6 de Agosto de 2003, numa altura em que o município tinha sido devastado por incêndios de grandes dimensões. Sem escolta policial ou comitiva, Jorge Sampaio apareceu na Chamusca numa tarde e reuniu no quartel dos bombeiros com elementos da câmara e da protecção civil. O presidente fez, no mesmo dia, idênticas visitas a Abrantes e Gavião.
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