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Nelson Marques

Nelson Marques

38 anos, empresário no comércio de antiguidades, Alcanena
Participo em todas as exposições de antiguidades no país. A última onde estive, e gostei muito, foi em Badajoz. Normalmente trabalho sozinho embora existam alturas em que recorra a colaboradores. O lado negativo são os preços que pagamos por estes espaços de exposição. Invisto muito na promoção porque o meu artigo se destina a um cliente muito restrito. Actualmente dedico-me quase só a antiguidades.Abri o “Escrito Antigo”, em Alcanena, há 12 anos. Tive uma experiência de trabalho no ramo das antiguidades durante três anos e, a partir de certa altura, decidi estabelecer-me por conta própria. Trabalho com móveis rústicos portugueses. A ideia passa por levar móveis populares da aldeia para Lisboa e centros históricos. Nunca defini um rumo profissional. Cheguei a frequentar o curso de Informática. Antes de me dedicar às antiguidades fui operador na Portugal Telecom.O meu dia-a-dia é sempre diferente. Tanto restauro uma peça, como atendo um cliente ou estou a montar uma exposição. Já não podia viver sem esta rotina descontinuada. Acaba por ser viciante. Faço desde prospecção, ou seja tentar encontrar mercadoria, até ao atendimento ao público. O nome da loja surge da ideia de trabalhar em móveis de escritório e antiguidades. Adquiro as peças, móveis superiores a 80 anos, tanto a particulares, como em leilões. Tenho que gostar dos móveis que compro. Gosto de descobrir peças diferentes para restaurar. Por vezes aposto no restauro de peças diferentes, muito grandes, que colegas meus não conseguem vender e que com o meu cunho pessoal, acabo por vender e que ficam muito bem em casas de campo, montes alentejanos ou turismo rural. Aprendi a fazer restauro a ver os outros a trabalhar. Tive uma pequena formação e hoje restauro bastantes peças embora também dê a restaurar a outros profissionais. Participo em muitas exposições ao longo do ano e não conseguia conciliar o restauro com as constantes viagens. Este não  é um negócio que permita enriquecer. É mais um negócio de paixão. Amo o que faço. Todo o pequeno comércio vive dias de dificuldades. As pessoas hoje são viciadas em “shoppings”. Temos que lutar muito para conseguir mostrar o nosso produto à reduzida percentagem de pessoas que aprecia peças antigas. No meu caso, não se trata de muita concorrência porque, dentro do ramo das antiguidades, os empresários não se interessam em trabalhar com móveis antigos de grandes dimensões.A primeira peça que restaurei era um móvel de farmácia. Estava num estado caótico. Transformei-o num móvel de biblioteca. Passados uns dias, um vizinho achou-o tão bonito que acabou por comprá-lo pois estava a decorar a sua casa. Tem que existir desprendimento da minha parte. Uma das peças mais bonitas e imponentes que vendi até hoje, no início deste ano, foi um livreiro de uma antiga escola. Vendi-o a um casal jovem, o que me deu ainda mais gozo. Nunca gostei de me levantar cedo. Em média, trabalho doze horas por dia. Das nove da manhã às nove da noite. Quando há exposição, chego a trabalhar das nove às duas da manhã. Tenho pouco tempo livre. Gosto muito do mar. Por vezes quando estou cansado disto basta-me estar perto do mar para relaxar e recuperar energias para continuar a trabalhar.Não me sinto Ribatejano. Sinto-me mais um cidadão do mundo. Penso que a região não valoriza este tipo de comércio. Por exemplo, nunca fui convidado para expor nos centros de exposições da nossa região, nunca houve qualquer tipo de sensibilidade cultural. No entanto recebo convites para expor das mais variadas câmaras e um pouco por todo o país. Sou uma pessoa calma mas que também explode quando tem que ser. Tenho uma postura calma e positiva. Não tenho lemas de vida. Gosto de conviver com pessoas diferentes. Tento viver um dia de cada vez a fazer aquilo que gosto.
Nelson Marques

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