Governo não confirma 920 milhões de euros de dívida dos hospitais à indústria farmacêutica
Presidente da Associação Portuguesa dos Administradores Hospitalares admite que crescimento da dívida é “um bocadinho descontrolado”
A dívida de 920 milhões de euros que os hospitais continuam por pagar às farmacêuticas não é confirmada pelo Ministério da Saúde, que garantiu terça-feira que irá empenhar-se na resolução do problema.“O Ministério da Saúde não confirma os valores referidos pela APIFARMA. No entanto, reafirma-se o empenho em reduzir o volume da dívida dos hospitais à indústria farmacêutica, bem como em manter a redução dos prazos médios de pagamento que se tem paulatinamente registado”, disse fonte do ministério, por escrito, à Lusa.De acordo com o relatório mensal da Associação Portuguesa da Indústria Farmacêutica, as dívidas dos hospitais aquele sector cresceram dois milhões de euros por dia durante o mês de Julho, totalizando os 930 milhões de dívida. O mesmo documento, a que a Lusa teve acesso, refere ainda que só no último mês a dívida cresceu cerca de 60 milhões de euros, além dos hospitais demorarem agora 349 dias a pagar aos fornecedores farmacêuticos.“O Ministério da Saúde continua a garantir uma política que, sem esquecer os constrangimentos financeiros existentes, procura salvaguardar o consenso e o diálogo com os seus principais parceiros”, acrescenta a tutela a propósito deste assunto. Segundo os dados da indústria farmacêutica, a dívida total dos hospitais aos laboratórios subiu 67,3 por cento desde Agosto do ano passado, passando dos 555,7 milhões para os 929,5 milhões de euros. A manter-se o crescimento da dívida, neste mês ou no próximo os valores poderão superar os mil milhões de euros.A propósito deste assunto, o presidente da Associação Portuguesa dos Administradores Hospitalares, Pedro Lopes, admitiu que o crescimento da dívida à indústria farmacêutica é “um bocadinho descontrolado”, ainda que refira que as novas medidas adoptadas pelas unidades hospitalares “irão provavelmente ter impacto neste segundo semestre”.Pedro Lopes sublinhou igualmente que o crescimento da dívida relaciona-se com dois factores: o crescimento dos consumos e o facto dos hospitais “não terem ainda sido ressarcidos pela prestação de serviços”. “Os hospitais prestam serviços e isso tem custos. Se não são ressarcidos, obviamente que não têm dinheiro para pagar e, depois, a dívida aumenta”, justificou.
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