Memórias vivas de tradições antigas
Trabalharam muitos anos de sol a sol nos campos de Coruche, sob o sol intenso do Verão e debaixo da rigorosa chuva de Inverno. A mondar trigo, a mondar arroz ou nas vindimas. Por isso as mulheres do Rancho Folclórico da Junta de Freguesia do Biscainho vestiram-se a rigor no dia do cortejo etnográfico das festas em honra de Nossa Senhora do Castelo, a 17 de Agosto, em Coruche, para mostrar às gerações mais novas como era a vida nos anos 40 e para preservar as memórias de um passado já com 70 anos.Maria Custódia (primeira à esquerda na foto), de 68 anos, é a aguadeira. “Fazia muito calor nos campos e então havia sempre uma pessoa encarregue de distribuir água por toda a gente, para não terem de parar de trabalhar. Carregava-se a água numa vasilha de barro, para a manter fresca ou então num barril, que se levava à cabeça”, explica.Cada ano, o grupo folclórico escolhe uma tradição diferente para levar ao cortejo. Já foram de padeiras, com um forno onde coziam o pão, já foram com uma máquina de debulhar trigo e este ano Mariana Carvalho, de 71 anos (segunda na foto), segura com vigor as cestas cheias de uvas, sinal de boas vindimas e do bom vinho que se faz na região.Vestida a rigor, com o avental onde se guardavam os utensílios e o chapéu e o lenço para proteger do sol, Emília Cardoso, 67 anos (segunda da direita), explica que este é o traje típico que se usava nesses tempos, quando se faziam as vindimas. “Eu trabalhei desde os meus 12 anos nas vindimas e a mondar trigo. Hoje em dia é só máquinas. Os jovens de agora fogem do trabalho do campo. E fazem bem, porque é uma vida muito dura. Eu se pudesse também tinha fugido”, diz com um sorriso, relembrando o passado. Patrícia Cunha Lopes
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