uma parceria com o Jornal Expresso

Edição Diária >

Edição Semanal >

Assine O Mirante e receba o jornal em casa
31 anos do jornal o Mirante
Pacatez de Cem Soldos desapareceu por três dias

Pacatez de Cem Soldos desapareceu por três dias

Melhor organização e grande afluência marcaram Festival dos Bons Sons

O comércio da pequena aldeia dos arredores de Tomar não teve mãos a medir perante as solicitações de milhares de visitantes. Os stocks entraram em ruptura. Águas, bolachas, conservas e tudo o que era mais prático de consumir foi vendido.

Cem Soldos, Tomar, foi no último fim-de-semana palco de mais um Festival dos Bons Sons. No cartaz sobressaíram nomes como Fausto, Diabo a Sete, Nuno Coelho, Lula Pena ou Diabo na Cruz. Por entre os comerciantes e habitantes locais, ficou o impacto de uma edição melhor organizada que as anteriores e visitantes mais tolerantes. Sem incidentes de maior a registar, a lotação esgotou e superou os limites dos serviços, com cerca de 10 mil visitantes por dia.Na tarde de domingo, 22 de Agosto, o espaço já espelhava os resultados de dois dias de festival, com os mini-mercados a registarem falta de stock e novos e velhos espalhados pelas sombras do recinto, recuperando de dois dias de muita música e festa. Cabeça de cartaz para domingo à noite, Fausto animou a tarde com uma breve presença em palco e cativou o público noite dentro, alterando o programa previsto e regressando por três vezes ao palco. Jogos, música popular e a agitação em torno das 50 tendas de feirantes, de todo o país, marcaram o cenário. No café junto à praça principal, Antónia Cartaxo notou o grande impacto que o evento tem para a economia local. “A terra é calma, o festival foi bom para toda a gente”. Ao contrário de outros anos, contratou pessoas para ajudar. A inspecção da Autoridade de Segurança Ambiental e Económica (ASAE), na sexta-feira, alertou para o facto de não poder servir comida no espaço, uma vez que não tem cozinha. “Correu tudo bem, mas não estamos autorizados a ter comida”. Procurando fazer face aos muitos pedidos dos visitantes, foram servindo algumas sandes.“Para o movimento que é, se calhar um festival de dois em dois anos já está bom”. Não sendo apreciadora, os espectáculos passaram-lhe ao lado e concentrou-se no trabalho. Mas “há muita gente de Cem Soldos que gosta”, comenta Antónia Cartaxo.Mais acima, o mini-mercado de Andreia Baptista teve que fechar no sábado por falta de stock. “Não tinha nada para vender”, comentou, destacando que numa próxima ocasião terá que pensar melhor no abastecimento. A vizinha, Célia Cartaxo, também proprietária de um mini-mercado, notava que também ficara sem muitos produtos, mas as portas continuaram abertas. “Há sempre alguma coisa para vender”.Águas, bolachas, conservas, tudo o que era mais prático de consumir foi vendido. Mas Célia Cartaxo sublinhou sobretudo a diferença do tipo de público, relativamente a outros anos. “O festival deste ano teve muito mais público e outro tipo de público, mais tolerante”, salientou.O Festival dos Bons Sons “é bom para tudo, para a aldeia, para a freguesia e mesmo para Tomar”. Até pelo convívio, nota, conhecendo-se pessoas de outros lugares. Um evento semelhante todos os anos “era bom para o negócio, mas tornava-se cansativo”. Entre a população de Cem Soldos, o evento é bem aceite. “Mesmo as pessoas de idade sabem que vai haver barulho, mas não reclamam”. Um festival nos limitesPara a organização, os três dias de festival resultaram num balanço “muito positivo, não só pelo impacto na comunicação nacional como também pelo público”. Se na sexta-feira e sábado a afluência rondou os 10 mil visitantes por dia, superlotando o parque de campismo e os restantes serviços, no domingo assistiu-se a uma “renovação do público”, explicou o porta-voz do evento, Luís Ferreira. A presença de artistas como Fausto atraiu outro género de visitantes, muitos dos campistas levantaram as tendas no domingo à tarde. Ainda sem dados concretos, estimavam-se em cerca de 6 mil pessoas nos Bons Sons de domingo.Na sexta-feira, a ASAE levantou um auto a um restaurante, mas este não chegou a ser encerrado, esclareceu. “Foi mais para certificação” de que tudo funcionava em condições, explicou.Daqui a dois anos, “a aposta deverá ser no aumento da capacidade dos serviços, mais variados, pois sentimos que estivemos no limite”. Dever-se-á olhar para uma melhor gestão do parque de estacionamento e para um festival pensado de forma mais alargada, apontou Luís Ferreira. O evento terá contudo que permanecer pequeno. O evento “tem esta escala humana, e é assim que terá que se manter”.
Pacatez de Cem Soldos desapareceu por três dias

Mais Notícias

    A carregar...