O Verão de 2010 tem sido quente como há muito não se via. Não só pelas altas temperaturas e pelos costumeiros fogos florestais mas também pela onda de encerramentos de serviços públicos anunciados pelo Governo. Do rol fazem parte extensões de saúde, balcões da Segurança Social, escolas e balcões de Correios. Tudo em nome da redução de custos, da racionalização de recursos ou de outros argumentos sócio-económicos aduzidos por políticos e tecnocratas que prometem deixar o mundo rural sem serviços públicos e entregue à sua triste sorte. Os governantes de Lisboa, muitos deles paridos e criados no chamado Portugal profundo que está a ser posto paulatinamente fora de serviço, bem podem vir na época de caça ao voto com a verborreia habitual do combate às assimetrias e da panaceia da regionalização como solução para todos os males que afectam o nosso interior ostracizado que já ninguém lhes liga. Aliás, a bem dizer já há muito que quase ninguém lhes liga. E assim, e também por causa disso, os de Lisboa vão levando os anéis, os dedos e sabe-se lá que mais de uma paisagem cada vez mais desolada.