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O futuro das touradas em Portugal

A discussão sobre a abolição das touradas volta a estar na ribalta, agora que na Catalunha se decidiu acabar com este espectáculo.Antes de mais gostaria de esclarecer que conheço e respeito o mundo e as pessoas da tauromaquia mas também me relaciono com muitos que se preocupam com a defesa dos direitos dos animais. Sou, de facto, equidistante entre estas duas correntes.O ex-matador de touros, Mário Coelho, disse a O MIRANTE que o espectáculo taurino nunca acabará e terá provavelmente razão. Como ribatejano que sou, reconheço toda a importância social, económica e histórica desta tradição, que tão importante é na consolidação da identidade portuguesa e ribatejana em particular. Acabar com este espectáculo seria amputar de forma grave um dos mais importantes alicerces deste país e desta região.Por outro lado, os defensores da abolição das touradas argumentam que estamos em presença de um especáculo sanguinário, que inflige um terrível sofrimento aos touros, enterrando farpas no corpo dos animais, além de todo o stress que uma situação estranha e não natural provoca aos mesmos. Têm razão e o que dizem deve ser motivo de reflexão.Se temos animais de estimação que tratamos da melhor forma possível, porque motivo, no caso das touradas, pomos de parte o nosso bom senso e somos coniventes com uma situação de maus tratos e estes animais, que sentem como todos os outros o bem ou o mal que lhes é feito?Dados estes dois pontos de vista, que merecem igual consideração, torna-se difícil chegar a uma solução para este problema. Mas uma coisa é certa: posições radicais ou extremistas nunca vencem, seja em que situação for. Acabar com a tourada não, mas sem qualquer flexibilidade de quem as promove também não iremos a lado nenhum.Um compromisso entre os dois lados seria certamente o mais vantajoso para todos, ou seja, o espectáculo não seria abolido, mas feito em moldes diferentes. Bastaria mudar um pequeno pormenor: acabar com o derramamento de sangue, espetando por exemplo as farpas numa protecção colocada no dorso do animal, ou outra solução que resolvesse este que é o mais controverso dos aspectos.Receio bem que uma total rigidez por parte do mundo taurino em relação a este assunto se acabe por virar contra o próprio, como infelizmente acontece com tudo e todos que não querem ou não sabem adaptar-se aos novos tempos. Para que não aconteça o que não queremos - o fim deste espectáculo único e insubstituível - apelo ao bom senso e visão dos responsáveis pela tauromaquia portuguesa para que se saibam defender de forma inteligente e não extremista, tomando as decisões apropriadas. Temos todos a ganhar com isso.João Cândido - Vila Franca de Xira

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