A lagartixa é a mascote do Festival dos Bons Sons, em Cem Soldos, Tomar, mas para os que vivem na aldeia e para as dez senhoras que as criaram é simplesmente a “Tixa”. “Não tem nada que saber”, sublinha Maria Rosa Silva, 75 anos, natural de Cem Soldos. O pano avermelhado já vem cortado da fábrica. Basta coser em volta e deixar uma pequena abertura. Depois, com um pau ou uma agulha, “conforme forem grandes ou pequenas”, enche-se com algodão e vai-se dando a forma da lagartixa. “Isto ainda é um bocado chato”, confessa, uma vez que as “Tixas” mais pequenas levam algum tempo a fazer. Perdeu a conta ao número de pequenas mascotes que criou para serem vendidas no Festival dos Bons Sons, que decorreu no fim-de-semana, mas em média fazia cerca de cinco numa tarde, durante os últimos seis meses. “Em casa trabalhava sozinha, mas à quarta-feira juntávamo-nos todas no clube”, refere.“É preciso trabalhar com cuidado, pois se não estiver bem cosido o algodão sai todo”. Depois é só colocar o resto dos acessórios, os quadrados amarelos e a etiqueta dos Bons Sons. “Gosto de fazer este trabalho, estou entretida”, comenta. “Antes fazia renda para fora”, mas agora as mãos já não têm a destreza de outros tempos. Para Maria Rosa Silva e a vizinha Maria do Céu Lopes, 78 anos, o barulho do Festival dos Bons Sons não incomoda e no sábado chegaram a ficar na festa até depois da meia-noite. “A música é boa, a gente é que não percebe”, comentam. “Isto é mais para a gente nova, mas nós também gostamos”. Na próxima semana, é a vez do arraial de Cem Soldos. “É outra coisa”, refere ainda Maria Rosa Silva, “tem quermesse, tem frango”. “É para os velhos”, salienta rindo. Na tarde de domingo, as duas vizinhas notavam que andava “tudo maluco” para ver o Fausto. Com o festival, Cem Soldos fica completamente diferente. “No primeiro ano, fiquei admirada de ver tanta gente na nossa terra”, lembra Maria do Céu Lopes.