“Acabámos de falar com o Dr. Sousa Martins e ele disse-nos: vão ao cemitério que encontram lá a pessoa ideal para abrir o jazigo. É o senhor, não é?” Floriano Amorim respondeu afirmativamente e encaminhou o casal até ao jazigo do médico milagreiro, sepultado em Alhandra, no concelho de Vila Franca de Xira. A história já tem alguns anos, mas o responsável pelo cemitério recorda-a com sentido de humor na tarde da última quarta-feira, 18 de Agosto, data em que se assinala a morte de Sousa Martins e um dos dois dias do ano em que se realiza a habitual romaria ao jazigo. O outro dia é 7 de Março, data do seu nascimento. Floriano Amorim, 57 anos, é encarregado da junta local e há mais de 20 anos o responsável pelo controlo e encaminhamento das centenas de peregrinos que se deslocam até à vila ribeirinha. De bolsa a tira colo posiciona-se à entrada do jazigo. À medida que as pessoas saem vai mandando outras entrar. Mora em Vila Franca de Xira e diz que nos últimos dois anos o número de peregrinos diminuiu. “Muitos acabam por não deixar dinheiro. Vêm só cumprir a promessa”, explica à medida que o calor aperta e a fila vai aumentando. Pacientemente, as pessoas aguardam a sua vez de rezar. Quem se desloca ao jazigo do médico de Alhandra, apelidado de Santo, acredita que Sousa Martins tem o poder de curar. José Thomas de Sousa Martins nasceu em Alhandra, a 7 de Março de 1843.Viveu no local onde está construída a Casa-Museu, na zona ribeirinha da vila. Estudou em Lisboa onde tirou o curso de Farmácia e depois o de Medicina. Tornou-se um dos médicos e cientistas mais prestigiados do país. Desfrutava de projecção internacional pelo estudo da tuberculose, cuja cura tentou sempre descobrir. Atacado pela mesma doença e querendo evitar o seu próprio sofrimento, suicidou-se em 1897.