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Forcado Gonçalo Veloso aposta em carreira de bandarilheiro

Depois de onze anos a pegar toiros deixa os Amadores de Santarém

Pegou o primeiro toiro de caras aos 16 anos. Actualmente dedica-se em exclusivo aos treinos de bandarilheiro. No início deste ano tirou a prova de bandarilheiro praticante participando, desde então, em corridas nas quadrilhas de cavaleiros praticantes.

O pino que faz sempre que entra na arena transformou-se na sua imagem de marca. Gonçalo Veloso começou a fazê-lo por brincadeira, mas também porque a ginástica que praticou até aos 15 anos o deixavam à vontade com a acrobacia. Os aficionados gostavam da maneira decidida com que entrava na praça e pediam que repetisse a habilidade. “É uma maneira de expressar a energia e vontade que tenho de pegar os toiros”, diz com um sorriso rasgado.Depois de onze anos no mundo da forcadagem, e 61 toiros pegados, Gonçalo Veloso, um dos mais carismáticos forcados do grupo dos Amadores de Santarém vai deixar de pegar toiros para apostar numa carreira de bandarilheiro. A decisão não foi fácil, mas está tomada. O jovem lesionou-se em Agosto numa corrida no Montijo, o que o obrigou a concluir a temporada antes do previsto. “Se não pegar mais este ano, que é o mais provável, quero fazer uma corrida de despedida no próximo ano”, diz a O MIRANTE.Ao contrário da maioria dos bandarilheiros que aposta cedo na carreira, Gonçalo Veloso começou a treinar há cerca de um ano. O jovem de 27 anos conta que foi a vontade de continuar no mundo da festa brava que o levou a optar por esta profissão. “A vida de forcado não dura para sempre e eu sempre quis deixar a forcadagem quando ainda estivesse em forma. Como quero continuar no mundo dos toiros decidi apostar na formação de bandarilheiro, que é algo que também me fascina imenso. O meu sonho é manter-me ligado à festa brava”, assegura.Um sonho que não seria possível de alcançar, como o próprio confessa, se não tivesse o apoio financeiro dos pais uma vez que esta é uma paixão dispendiosa. “Se os meus pais não me apoiassem, não apostassem em mim para eu fazer o que gosto, não conseguia correr atrás do meu sonho porque isto exige muito tempo e dedicação”, confessa.Actualmente Gonçalo Veloso dedica-se em exclusivo aos treinos de bandarilheiro. No início deste ano tirou a prova de bandarilheiro praticante participando, desde então, em corridas nas quadrilhas de cavaleiros praticantes. No sábado, 18, esteve em Granja, perto de Reguengos de Monsaraz, no Alentejo, onde integrou a quadrilha do cavaleiro praticante Tomás Pinto. O seu maior sonho é tourear em Espanha na quadrilha de “grandes figuras” do toureio como Juli ou Manzanares. Em Portugal sonha trabalhar na quadrilha do cavaleiro tauromáquico João Moura.Apesar de estar a iniciar uma nova etapa da sua vida, Gonçalo Veloso não deixa o mundo da forcadagem e os Amadores de Santarém de ânimo leve. “No grupo somos como uma família. Vamos de férias juntos, vamos para a praia juntos, jogamos futebol e fazemos surf juntos. Não é fácil deixar o grupo”, confessa.Gonçalo Veloso recorda a primeira vez que o cabo do grupo na altura, Gonçalo Cunha Ferreira, o mandou para a frente de um toiro. Gonçalo tinha 16 anos. “As pessoas, na brincadeira, chamavam ao cabo ‘assassino’ porque eu tinha 1,58m e pesava 45kg”, recorda com um sorriso. Se voltasse atrás o jovem forcado voltava a repetir tudo novamente, mas hoje tem noção que com 16 anos “não tinha consciência do perigo”.“Com aquela idade achamos que conseguimos pegar qualquer toiro, mas depois vamo-nos apercebendo que não é bem assim”, explica, acrescentando que a pega mais especial da sua carreira foi quando pegou um ‘Miura’ numa corrida em Vila Franca de Xira. Só conseguiu fazê-lo à terceira tentativa. “Do nosso grupo só o forcado Nuno Megre, há muitos anos, tinha conseguido fazê-lo”, conclui.

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